![]() |
Jan Saudek |
Vênus in box
A menina dos meus olhos
mina
mel e maná
antes que ácidas gotas
hialinas
cavem covas na face
fissuras na boca
ao ver a mulher da vida
virar estátua sem sal
“Belle hideusement d’un ulcère à l’anus”.
Sob céu de carne
a memória da língua
é mar extinto.
Não virar o rosto
para ver o que não vingou.
“E caddi come corpo morto cade”
Ando sujo de lama
e estrelas
quando subo
todas as lacunas
que me levam
ao apartamento de Francesca
no segundo círculo do Inferno.
e estrelas
quando subo
todas as lacunas
que me levam
ao apartamento de Francesca
no segundo círculo do Inferno.
Sei que a pedra
não deixará de selar
a porta
por mais que a campainha
(SOS no escuro)
aperte a garganta.
não deixará de selar
a porta
por mais que a campainha
(SOS no escuro)
aperte a garganta.
Para baixo
todos os demônios ajudam.
todos os demônios ajudam.
Olho de Sauron
Tenho um olho amarelo
aberto
como se fosse um sol aceso
ou abscesso.
Criminoso ótico,
réu confesso,
tem lampejo
de coração de duplo cutelo.
Tudo o que vejo
logo foge,
o fogo em excesso
me cega.
Por isso não consigo ler
a placa:
Amor, sem acesso.
Regresse duas décadas
e largue os versos.
Etiquetas: 2018 mallaramigo mallarconselho poemas vol 6 num 11 José Antônio Cavalcanti
e largue os versos.
Etiquetas: 2018 mallaramigo mallarconselho poemas vol 6 num 11 José Antônio Cavalcanti