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4 POEMAS DE FABRÍCIO SLAVIERO

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dobradiça-papillon
única
entre percevejos latonados

chapas-talvez-asas
de cobre
em meio a cabeças achatadas

e se na primeira

sinais de óxido por
mortificação

nos segundos

só nevos de morte
pour oxydation



*  *  *





O APOCALIPSE DO SCRUM


Flexion

Primeiras linhas do rugby
Os sindicatos da placagem
E onde menos altura que largura
Onde tanta quilogramagem
Quanta musculatura


Touché

Números 1 2 e 3 às costas
Pilares de carne de pescoço e osso
Contra pilares de osso duro
Duro de roer e carne
Talonador versus talonador


Stop

Frente a frente dois trios
Ou dois trios frente a frente
Um polinésio e um caucasiano
Pois aquele de tonganeses
E este de georgianos


Entré

Prontos para o colapso
Cabeças ombros braços troncos
Quais dentes de rodas d’engrenagem
Uns por entre os outros a
Ruir ao se endentarem



* * *



Truculento Alfa Romeo
Fenemêpara os íntimos
Sob a traseira do chassi dois eixos
Já que lentíssimo trucado
E último dos motores
Da extinta fábrica nacional de moluscos
Pois grande Caracol
Se ali dois eixos aqui dois sexos
Totais umas vinte toneladas
Com a espiralada concha calcária
Quando sob carga cerrada
De caixas em papelão-couro
Com alfarrábios capas outrora duras
E respectivas traças ou lepismas
& pois enorme Lesma
Se lá trucado cá bissexuado
Uns naturais dez mil quilos
Sem concha alguma calcária espiralada ou não
Quando já isso sim descarregado
Dos caixões em policloreto de vinil
Com vermes necrófagos e inerentes hospedeiros
¿Cadáveres de alfarrabistas
Em prematuros processos de decomposição?




MACUNAÍMICOS FUTEBÓLERES


A máquina bola de capotão
ou pelota de couro curtido; a
máquina perna de pau-laranja
orange que não mecânica?

A máquina de pés no chão
nus em pele em couro cru; a
máquina trave de pau-forquilha
e ângulos pra lá de tortos.

A máquina homo ludens
daquele ilustríssimo filósofo
e medievalista holandês?

A máquina homo ludopedicus
dalgum obscuro cronista
esportivo dos países baixos.







*    *    *





Fabrício Slaviero nasceu em Taboão da Serra (SP) em 1982. Participou da Miniantologia poética publicada pelo Centro Cultural São Paulo (fevereiro, 2012). Tem poemas publicados na Revista Zunái, no blog Cantar a Pele de Lontra e no blog do Laboratório de Criação Poética. Em breve, será publicada a sua primeira plaquete, Srahmópomo. Email.



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