Sobre o medo de monstros
Em noites mal dormidas
fico à espreita,
esperando o monstro surgir debaixo da cama.
Escuto um estalo no teto,
o cachorro uiva na rua e
eu aperto os olhos e espero...
Espero...
Espero...
Enquanto pressinto a mão maldita,
o rugido,
o assovio
Fico a pensar em cada leão que enfrentei durante o dia
e nos fantasmas que vão e voltam
e nos planos que não se materializam
e nas mãos trêmulas
e na garganta seca
e no nó das minhas ideias.
Passam-se muitas horas
e eu levanto-me, espreitando o monstro.
Ligo a luz
Olho no espelho
E não me reconheço.
O monstro sou eu.
Em noites mal dormidas
fico à espreita,
esperando o monstro surgir debaixo da cama.
Escuto um estalo no teto,
o cachorro uiva na rua e
eu aperto os olhos e espero...
Espero...
Espero...
Enquanto pressinto a mão maldita,
o rugido,
o assovio
Fico a pensar em cada leão que enfrentei durante o dia
e nos fantasmas que vão e voltam
e nos planos que não se materializam
e nas mãos trêmulas
e na garganta seca
e no nó das minhas ideias.
Passam-se muitas horas
e eu levanto-me, espreitando o monstro.
Ligo a luz
Olho no espelho
E não me reconheço.
O monstro sou eu.
Lembrança
O que me fez lembrar de ti,
ao descer esta rua,
não foi o eco dos teus passos.
Tampouco a imagem de teu sorriso largo
refletida na vitrine de discos.
Nem mesmo a voz grave, como a tua,
que ouvi emergir da multidão.
O que me fez lembrar de ti,
nesta calçada,
não foi o vendedor de flores,
nem mesmo o casal de mãos entrelaçadas,
E menos ainda a porta em cuja frente
Me olhaste sem pudor.
O que me lançou ao rosto a tua lembrança
O que me fez recompor teu semblante
O que me obrigou a parar e a cerrar os olhos
foi o vento,
que desgrenhou meus cabelos.
Esse mesmo vento que dobrou a esquina
e, assim como tu,
O que me fez lembrar de ti,
ao descer esta rua,
não foi o eco dos teus passos.
Tampouco a imagem de teu sorriso largo
refletida na vitrine de discos.
Nem mesmo a voz grave, como a tua,
que ouvi emergir da multidão.
O que me fez lembrar de ti,
nesta calçada,
não foi o vendedor de flores,
nem mesmo o casal de mãos entrelaçadas,
E menos ainda a porta em cuja frente
Me olhaste sem pudor.
O que me lançou ao rosto a tua lembrança
O que me fez recompor teu semblante
O que me obrigou a parar e a cerrar os olhos
foi o vento,
que desgrenhou meus cabelos.
Esse mesmo vento que dobrou a esquina
e, assim como tu,
Chegou
Moveu-me
E se foi.
Moveu-me
E se foi.
Noche adentro
Hay millares de ojos
en la ciudad
alumbrando
la calle,
la vereda
y el hombre
recostado en la pared.
Sé de su soledad
no por la ausencia de ruidos
(porque los coches pasan
las personas cruzan
el viento aúlla)
Sé de su soledad
por la mirada tierna
que el hombre echa
hacia la hoja del paraíso
que vuela
y va
cayendo
a
su
pie.
Dificultad
No sé decir truenos,
Aunque lo intente.
Y si cierro las cejas,
Y aprieto la boca
Y me pongo la mano
En la cadera,
Y te miro
Como un relámpago,
Escupiendo mis palabras
Hacia ti
Tú me miras y dices:
“Qué lindo rayito de sol
has pronunciado.”
Me desengaño.
No sé decir truenos,
Aunque lo intente.
foto: Lauren Randolph
* * *
Teresa Azambuya nasceu em Porto Alegre, em 1982, mas sempre morou em Gravataí, cidade que considera sua terra natal. É licenciada em Letras, pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Participou da Oficina Literária do escritor Charles Kiefer e tem diversas publicações literárias: contos, nas obras: 102 que contam; 104 que contam e Antológicos; o livro de poesias Quarto sem janelas. Também recebeu várias premiações em concursos literários: Concursos Estudantis de Literatura de Gravataí; Concurso Poemas no Ônibus de Gravataí (2006, 2010 e 2012) e de Porto Alegre (2010, 2012); Concurso Literário da Universidade Federal de Integração Latinoamericana – UNILA (com um poema escrito em espanhol); e, mais recentemente, foi selecionada entre 50 poetas de todo o País, no Concurso CANON de Poesia. Também tem estudos publicados e/ou apresentados sobre teatro brasileiro, literatura africana, literatura polonesa, oficinas literárias, formação de autores contemporâneos. Concluiu, neste ano, a Especialização em Literatura Brasileira, pela Pontifícia Universidade Católica – PUCRS, com estudo sobre a contribuição do Concurso Poemas no Ônibus para a formação de leitores e de autores. Escreve aqui. Email.