Eu poderia falar da vida, do tempo e dos desejos, mas o que eu quero mesmo é falar dos ventos, dos rios e das estrelas. Nada mais liberta, nada além do mundo que antevejo, quando de mim saio em busca de mim mesmo. Sou avesso, não me pertenço, nem a ninguém, nem a nada. No momento em que me surpreendo, escapo, antevejo o sol, a luz e o desapego. Sou uma parte, metade, e desconstruo a outra. Assim me refaço, apreendo, e falo dos rios e das estrelas.
Vasco Cavalcante