/ por Leila Andrade /
através do tempo
os dedos rosados de aurora
- agora plúmbeos -
empurram o dia de verão
uma aranha na sua mágica teia
pesa junto ao ar
ampulheta em seu último grão
o coração desalinhado
reconhece o erro no ponto exato em que desistiu
através do tempo que ainda não era
como nuvens podem ser manchas que se dissipam
para Carla Diacov
o tempo presente é isto
exatamente em seus ossos à mostra
- a céu aberto -
expostos invariavelmente
à engrenagem macabra dos dias
a um passo quase invisível a pele
acomoda a carne
pele, proteção, provérbio, preparo
- toda espera do toque -
porque no verão penso em inverno
espero inverno
a estação de agora não adivinha
minha prece
meu escondido
meu frio
janeiro de 2013
***
Leila Lopes de Andradeé graduada em Letras Vernáculas e Comunicação Social. Participou da Antologia "Meditações sobre o fim — os últimos poemas" (Editora Hariemuj/Portugal). Mantém o Blog Palavra e Destino e edita mensalmente a Revista Cultural Diversos Afins.
* Todas as imagens são de Leila Andrade.