SALADA À MODA BLACK BLOC
ouro como vinho azedo ou agre
\\ muito embora se consagre
carregado em mochilas \\ e sacos
de plástico pobre \\ é vinho podre
o simples antídoto dos humildes \\
contra o gás lacrimogênio \\
por isso mesmo escondido \\
pela gente sem idade \\
que age e reage \\ mesmo contraída
atrás das barricadas \\ passando
de mão em mão \\ na multidão \\
um novo molotov comestível \\
eucaristia entre cidadãos \\
temperando a manifestação
em respeito à rebeldia deste
comboio que pede passagem \\
o black bloc que invade a margem \\
numa reação em cadeia que entende
que só no vinagre é possível
\\ seu único reagente genial \\
Foto: Luca Pierro
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Alexandre Guarnieri nasceu no Rio de Janeiro (em 1974), é arte-educador habilitado em História da Arte pelo Instituto de Artes da UERJ, e Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ (ECO). Integrou, a partir de 1993, o movimento carioca da poesia falada. Fez parte da primeira formação do grupo performático "V de Verso", coordenado pelo poeta Chacal na UERJ. Atualmente pertence ao corpo editorial da Mallarmargens, é colunista de Revista Desmandamentos e integra, com o artista plástico, músico, ator e poeta, Alexandre Dacosta, o espetáculo mutante [versos alexandrinos]. "Casa das Máquinas" (Editora da Palavra, RJ), de 2011 é seu livro de estreia. Seu próximo livro, "Corpo de Festim", aguarda lançamento para 2014.