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O seu avesso
Eu gosto de você às avessas, quando me quero inteira,
calada por não saber ocultar a mentira que tropeça na gente.
Eu te consumo por desejo, talvez gula, não importa -- te consumo quando me quero inteira.
Já não basta me medir com os teus sorrisos confusos, a tua questão insopitável
e os olhos carregados de pejo: é tudo visível, risível.
Para a minha aspérrima imaginação que te desenha tão sem contorno, isso pode ser contraditório, mas você se codifica em tantos outros para no fim eu continuar inteira.
Das tardes calorentas e vertiginosas só recordo do idílio.
Não sei como era o seu tatear, muito menos o repousar de suas mãos em seu colo.
Disso tudo só sei que o sensível machuca mais a mim do que a você.
Das tantas lembranças que não são minhas somente, há uma saudade lépida
um puxar de ar que me falta quando te desencontro no passar dos dias
e isso só acontece porque insisto no avesso, no papel dobrado, no bordado das fronhas que carrega nosso repouso, nas desavenças que me vencem.
Eu quero ser pela metade o que você desperta, mesmo correndo o risco de ser um menelau de terceira.
A solitude que me contempla deixa espaços largos entre as palavras e me tonteia com certo bafo etílico.
Tudo remete ao que eu acredito ser você pelo avesso quando me tenho por inteira,
originando o problema da fome quase silvícola do desconhecido.
Não se trata de compulsão, mas sim de necessidade ridiculamente afetiva,
e desconexa, praticamente extinta no que deve desabar em você, meu amor.
O impossível não existe à imaginação.
O impossível resiste fielmente à contradição.
calada por não saber ocultar a mentira que tropeça na gente.
Eu te consumo por desejo, talvez gula, não importa -- te consumo quando me quero inteira.
Já não basta me medir com os teus sorrisos confusos, a tua questão insopitável
e os olhos carregados de pejo: é tudo visível, risível.
Para a minha aspérrima imaginação que te desenha tão sem contorno, isso pode ser contraditório, mas você se codifica em tantos outros para no fim eu continuar inteira.
Das tardes calorentas e vertiginosas só recordo do idílio.
Não sei como era o seu tatear, muito menos o repousar de suas mãos em seu colo.
Disso tudo só sei que o sensível machuca mais a mim do que a você.
Das tantas lembranças que não são minhas somente, há uma saudade lépida
um puxar de ar que me falta quando te desencontro no passar dos dias
e isso só acontece porque insisto no avesso, no papel dobrado, no bordado das fronhas que carrega nosso repouso, nas desavenças que me vencem.
Eu quero ser pela metade o que você desperta, mesmo correndo o risco de ser um menelau de terceira.
A solitude que me contempla deixa espaços largos entre as palavras e me tonteia com certo bafo etílico.
Tudo remete ao que eu acredito ser você pelo avesso quando me tenho por inteira,
originando o problema da fome quase silvícola do desconhecido.
Não se trata de compulsão, mas sim de necessidade ridiculamente afetiva,
e desconexa, praticamente extinta no que deve desabar em você, meu amor.
O impossível não existe à imaginação.
O impossível resiste fielmente à contradição.
Agora eu? Eu ando optando pelas hipóteses...
Não cabe em mim
É esse o preço que desejo pagar
pelo coração pequeno que só sabe repetir
repetir as linhas já escritas pelo tempo e pela
experiência dos poetas passados.
O meu amor não desiste de mim,
que não sei mais o que é marear sem a satisfação de me sentir
completa
sem ter a necessidade de amar, simplesmente.
As palavras extensas, a cabeça exausta e
o vazio piegas de quem se submete a essa glória
melancólica
que o amor proporciona,
essas tais palavras escarradas não traduzem,
não inovam,
mas me aliviam e é isso que me interessa.
pelo coração pequeno que só sabe repetir
repetir as linhas já escritas pelo tempo e pela
experiência dos poetas passados.
O meu amor não desiste de mim,
que não sei mais o que é marear sem a satisfação de me sentir
completa
sem ter a necessidade de amar, simplesmente.
As palavras extensas, a cabeça exausta e
o vazio piegas de quem se submete a essa glória
melancólica
que o amor proporciona,
essas tais palavras escarradas não traduzem,
não inovam,
mas me aliviam e é isso que me interessa.
A esta altura do campeonato
eu me sinto cansada de esperar pelo inusitado
de ter que fazer o mesmo roteiro todo santo dia
e me preocupar se no final da noite alguém se importa
ninguém
nem os taxistas, as prostitutas, o padeiro da esquina
você consegue se ver sozinho também?
eu tô de saco cheio de pagar 1 real pelo café na porta da faculdade
ter que manter uma imaginação saudável nas aulas de antropologia
fazer lista de música pra me distrair na viagem de trem
enquanto pessoas roncam, conversam, falam e falam
sem se importarem se incomodam ou não
eu enjoei do amor
de todas as consequências e itinerários que ele proporciona
das horas parada em frente à janela como se as ruas fossem vivas
e você me exaustou
junto com toda a seleção do flamengo
ah... eu quero mais é que se dane todos os porquês da vida
se eu amei, se eu me fudi, se meu pai faliu
nada me apetece mais
desejo que o mundo me proporcione mais emoção e menos razão
também me pego perguntando:
"quem foi o desgraçado que colocou esse cérebro em mim?"
e eu sou obrigada a acordar, escovar os dentes, dar bom dia ao porteiro
pra nada
as vózinhas que correm pelo bairro atrás do tempo perdido
o que diriam de toda essa minha lamentação?
que a minha bunda caia, que eu fiquei com rugas, que o tempo me marque
eu quero mais é me olhar no espelho e ver alguma novidade no reflexo
algo que desperte a cura do tédio que é esperar isso acabar
porque enquanto eu tô aqui reclamando
o pão vai saindo do forno
as putas se acumulam no centro
e os taxistas comem meu dinheiro
de ter que fazer o mesmo roteiro todo santo dia
e me preocupar se no final da noite alguém se importa
ninguém
nem os taxistas, as prostitutas, o padeiro da esquina
você consegue se ver sozinho também?
eu tô de saco cheio de pagar 1 real pelo café na porta da faculdade
ter que manter uma imaginação saudável nas aulas de antropologia
fazer lista de música pra me distrair na viagem de trem
enquanto pessoas roncam, conversam, falam e falam
sem se importarem se incomodam ou não
eu enjoei do amor
de todas as consequências e itinerários que ele proporciona
das horas parada em frente à janela como se as ruas fossem vivas
e você me exaustou
junto com toda a seleção do flamengo
ah... eu quero mais é que se dane todos os porquês da vida
se eu amei, se eu me fudi, se meu pai faliu
nada me apetece mais
desejo que o mundo me proporcione mais emoção e menos razão
também me pego perguntando:
"quem foi o desgraçado que colocou esse cérebro em mim?"
e eu sou obrigada a acordar, escovar os dentes, dar bom dia ao porteiro
pra nada
as vózinhas que correm pelo bairro atrás do tempo perdido
o que diriam de toda essa minha lamentação?
que a minha bunda caia, que eu fiquei com rugas, que o tempo me marque
eu quero mais é me olhar no espelho e ver alguma novidade no reflexo
algo que desperte a cura do tédio que é esperar isso acabar
porque enquanto eu tô aqui reclamando
o pão vai saindo do forno
as putas se acumulam no centro
e os taxistas comem meu dinheiro
Mentira, Tom
essa mania da gente,
de querer viver d'outro,
de sustentar o que não é novo,
e depender de alguém pra ser feliz...
é bobagem.
até dói
dói sim,
mas é sempre em vão
e mesmo assim,
a gente insiste em buscar no alheio
a paz
e o que não nos diz respeito
pra provar pra ninguém
que é impossível ser feliz sozinho,
só que agora eu tô aqui
pra dizer que tudo isso é lenda,
besteira da nossa cabeça,
enfeite de quem busca a solidão perfeita.
Última despedida
Há algo errado em você
que não vê mais verdade em mim
e despreza assim o bater da porta
quando sai gritando por ai
"eu não te amo mais!"
não mais do que eu possa sentir
mas meu bem o que eu vou fazer
se não posso me reconhecer
quando acordo ao teu lado
ignorando até mesmo a janela aberta
jogando frio por debaixo da coberta
e eu fui sempre tão verdadeira pra você
perdia o sono só de te ver virar as costas
falava dos outros como se fossem tolos
por não saberem o que era amor
e debochava de quem sofria
me recolhia pra esquentar sua janta
agora passou meu bem, se foi
o meu amor virou papel
e ainda serve pra enxugar tuas lágrimas
mas não guarde mágoa dessa moça aqui
não diga que servi apenas de manequim
pra forrar a tua abstinência de homem
e nem pra fingir que você deu conta mim.
Fernanda Pacheco tem 20 anos e é quase formada em História. Atualmente faz parte da redação da revista Gloss e escreve sobre cultura para a Obvious Mag. Usa como fuga a arte em suas mais variadas ramificações com destaque à literatura.
http://onebittercoffee.blogspot.com.br/- Blog Pessoal
http://lounge.obviousmag.org/cafe_amargo/- Blog na Obvious Mag.