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Três poemas de Gilmar Barros

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MATAS GERAIS 


Poema contra os  traidores e assassinos do Povo 

* Com Marcelo Ariel

" O homem branco fez a terra vomitar"
 Índío Pataxó

Na Barragem de Rejeitos em Brumadinho,
Brumas e espumas num cerrado de espinhos
e cipós ,
Feito uma rica (“jet set”), estação de esqui:
(No lugar da avalanche branca de neve),
a de lixo que avança em doze nós
O Gosto de feijão desaparece em pó
num tsunami marrom
suspenso no ar
por um devastador
 carimbo de CPJ
A Lagoa da Mineradora – que não VALE porra nenhuma!
Vomita!
Vomita sua Lama Tóxica montanha abaixo!
Elas, que estupram de assalto, a natureza dos Solos,
Não se importam - assim pensam:
“Aqui é o trópico do Brasil destópico - foda-se! ”
Desmontam montanhas minerais, destroem belas paisagens naturais.

Com a gravidade, a Lama desce (matando sem dó) uma Bacia Hidrográfica.
Pássaros cessam o cantar, mumificam-se!
Peixes ribeirinhos nativos, instantaneamente
Amarguradamente morrendo
lodificam-se.

Onde pequenos córregos e o Paraopeba vão levar ao São Francisco?
A alma do Brasil convertida em lama
Não há mais Rios em Minas Gerais,
Que paga com seu nome sacrificial
 por mais essa ganância neoliberal,
E nessa devora cega-criminosa pelos lucros incessantes...
Matam agricultores, trabalhadores que antes
 engolem a lama-lixo dos rejeitos,
pagando
com a morte
e a devastação
o trato-feito
entre empresa, governador, juiz, fiscal e prefeito.



E a riqueza dessas matas, florestas com seus relevos geomorfológicos
Que acariciam águas límpidas das chuvas brandas -  nunca o lodo podre Concentrado alquímico enxurrado...
Lama anagrama de Alma Desintegrante
e fica no ar a pergunta, feita no lucrativo novo
circulo de Dante:
Quando e onde ocorrerá a próxima pororoca de rejeitos
para invadir, abrir e matar
esse rio em nosso peito ?



BIOCRAZY



Batizado Benedito.Bio apelidado.Drogado transformado.
Codinome Biocrazy.

Viciado pelos tórridos sedimentos e fluídos locais,
Bio, degrada-se no chão de Cubalatão.
Com a Lua cheia embaçada, Biocrazy cheirou:
1(uma) carreira de Negro-de-fumo;
2(duas) fileiras de Pó-da-China;
1(um) Copo Americano (cheio), de Querosene-de-aviação.

Pensando ser um cachorro vinagre dos pauis arretado
Declamando Howl de Gisnsberg, em Tupi, num só suspiro
Biocrazy bradou:
- Hooooooooooowwwwwwwwwwwwl.
Que ecoou mangue abaixo serra acima, mundo à dentro.
Teus fones de ouvido tocavam, “Stairway to heaven”.
Nos altos da Cota 200 pulou da janela o barraco para fora,
Caindo às avessas, para a Avenida 9 de Abril...
Que mais lhe parecia ser - uma enorme seringa...
Sendo o centro comercial - a ampola;
 A ponte sobre o Cubalatão – a agulha,
O rio – sua veia...
Onde Biocrazy injetou:
Chumbo Tetraetila, Toxafeno... junto com
Hexaclorobenzeno dopado com Amônia.

Na Assembléia do Deus Mercúrio, Bio é um cara marcado,
Por praticar Ecofagia na mais profunda Endemia.
Benedito é nativo desse Pólo Industrial,
Petroquímico, Siderúrgico, Energético - donde é mais um cativo,
Totalmente insustentável...
Biodependente tornou-se bioacumulativo.
Liquidificando-se num concentrado Biocida.
Seu corpo intoxicado, sua mente fugidia, ora
Feito chaminé atmosférico, ora feito tubulão em descartes fluviais...
Biocrazy
Nessa cilada:
V A C I L A V A C I L A V A C I L A V A C I L A V A C I L A V A C I L A V A C I L A

Hi! Biocrazy… your junkie fellow! You know:
-You’re my main men,
-You’re my proud and joy,
-You’re an ugly mother fucker…
But you’re still my boy”.




OZÔNIA


Templo de Tântalo pai de Niobe
Minha terra, Terra-Rara...
Não passa de uma (ZI) de Santos.

Aquele nevoeiro fotoquímico que baixou
Sobre os espíritos da Mata Atlântica... neutralizou Tupã
Gerando um mundo alquímico subatômico
Combinando soluções covalentes,
Capturando íons, fótons e elétrons deslocalizados.

Lá - ela está composta.
Seus hidrocarbonetos loucos que perambulam por aí
Feito cetonas, ésteres e éteres...
Atraem toda sorte de reações com aldeídos, fenóis e halenos.
Noite-Dia
Tudo brilha e irradia uma luz plasmática,
Numa dimensão que corrompe o espaço/tempo
Resultando um meio-amorfo-ambiente.

Do seu gosto amargo,
Quase; Metálico e acidulante
Brotaram amálgamas em nossos âmagos...
Queimando vísceras:
São 100 mil habitantes = 200 mil pulmões + 200 mil rins...
Filtrando a poluição resultante até o Paranapiacaba.

A chuva-que-morde a pele
Precipitando na ácida madrugada ao dissabor do vento terral,
Desbotou nosso espirito maculando os sentimentos.
Abundou um vale de morte, desfacelando nativos.
Como se não bastasse;
Plantaram uma tocha piroclástica
No sopé da Calçada do Lorena,
Queimando o Porto das Almadias.

Pelos manguezais de anilinas nadantes...
Siris, Caranguejos, Marujos, Maria-mulatas e mariscos;
Agonizam na sopa primordial contaminada,
Perambulando com seus exoesqueletos transmutantes,
Ora dentro, ora fora das suas tocas iridescentes...
Vorazes Guarás os devoram.
Alterados neste mol – dançam com Schmidt, o balé das folhas mortas.

Valente Cubatão em fases saturadas,
Teus orvalhos mesclam-se ao material particulado em suspensão,
Formando gotas sujas e de foscos reflexos...
Para as alvoradas macabras que encenas,
Cheia de vapor e poeira combustível.



Sem-fim... Sem-fim... Sem-fim...
Cantava um pássaro moribundo distante...
Talvez buscando pelas matas ciliares desaparecidas,
Por estes rios retificados que choram a flor de suas águas.
Manchas de sinistro espectro íris e verdes algas fotossintéticas
Desequilibradas.

Cubatão.
Meu dipolo alcalino terroso
Instantâneo e permanente.
Aumentando a produção...
Estabilizam as pressões dos vasos comunicantes.
Neutrinos instáveis porem retidos no teu fígado, pulmão...
Absorvem toda classe de gases nobres...
Lançando os plebeus na atmosfera.

Aquelas manchas que são oxirredução
Estão presentes.
Segue avante os desumanizados...
Pilotando o Carro-Torpedo,
Bypassando válvulas, conduzindo Pontes Rolantes.
Separados em substâncias – hidrolisados!
São zumbis,
O Operário Padrão.

Aquela estrada visceral que atravessa
Este Pólo Industrial Tropical,
É teu espelho - Belvedere!

Nesta entropia alotrópica avançamos,
Monitorados por programas robóticos
Numa decomposição calculada,
Cheia de previsões e gradientes obscuros.
Lá, onde reagentes e agredidos fundem-se,
Com aspectos endotérmicos e exotérmicos
Cubatão exala...
A Senzala dos Zanzalás.





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