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A chegada dos bárbaros, poema em prosa de Jorge Lucio de Campos.

Les barbares marchant vers l'ouest (1935), Max Ernst.



[a Konstantinos Kaváfis]




Os bárbaros chegaram de vez às nossas terras, mas não necessariamente vindos de fora. Antes brotaram de nossa má formação, de nossa má educação, de nossa má fé. Sempre estiveram dentro de nós, esperando apenas que permitíssemos (ou mesmo rogássemos) que assim fizessem. Eles são a nossa inconsciência moral, a nossa incúria civil, a nossa inconsistência nacional. Os bárbaros que supostamente chegaram às nossas terras − e que já iniciaram a sua devastação – nos pertencem tanto quanto lhes pertencemos.



In: O triunfo dos dias (Bookess, 2018).







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Jorge Lucio de Campos é poeta, ensaísta e professor da ESDI/UERJ. Publicou os ensaios Do simbólico ao virtual (1990), A vertigem da maneira (2002), A travessia difícil (2015), Lembretes filosóficos para jovens sábios (2017), O império do escárnio (2017) e as coletâneas Arcangelo (1991), Speculum (1993), Belveder (1994), A dor da linguagem (1996), À maneira negra (1997), Prática do azul (2009), Os nomes nômades (2014), Sob a lâmpada de quartzo (2014), Paisagem bárbara (2014), Através (2017), Véspera do rosto (2017), O triunfo dos dias (2018), A grande noite perdida (2018) e Desimagens (2018).


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