olá
meu nome
é povo
sempre
disposto
a começar
de novo
sangue
que nunca
escorre
sou meu
próprio porre
alma
que não
declina
sou minha
própria vagina
assalariada
rodando
bolsa
na estrada
des-pro-te-gi-da
sentada
no torno
da vida
preenchida
por tipos
e protótipos
por nórdicos
por nordestinos
por cretenses
e por cretinos
a vida é mais bonita
no meio da pista
meus grandes planos
estão queimando
meus bons amigos
foragidos
a vida é mais completa
com a janela aberta
meus vôos insanos
estão pousando
meus bons ruídos
constrangidos
desvende meus medos
não minhas tatuagens
dome minha perversão
não meus fetiches
perambule pela névoa
não pelo eclipse
vasculhe cofres
não estrofes
ofereça-me hipóteses
não hipotenusas
sou cateter
vascularizado
rasgado pela incisão
da navalha
teatrauma tosco
mortalha
tralha
não sou
mas gostaria
de ser vício
início
chuvisco
precipício
barbariz a r i a
vampiriz a r i a
cresceria nas madrugadas
durante a tosse
demostraria sempre
mesma intenção
seqüelar o passo frio
íntimocovil
morrer para crer
alguém morreu
agora
parte mulher
parte José
morte covarde
militarizada
morte banalidade
desdentada
alguém morreu
agora
parte Mandela
parte vela
morte partidária
viralizada
morte diária
estancada
alguém morreu
agora
parte furor
parte flor
morte chacina
orquestrada
morte bailarina
discriminada
alguém morreu
agora
parte patrão
parte peão
morte comercial
tramitada
morte territorial
despautada
banquete nefasto
não sei
se sabem
da senhora
que achou carne
levou para casa
pensando
ser filé
depois descobriu
que era mama
lixo
hospitalar
de primeira
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Bruno Candéasé poeta e compositor. Sua obra literária, é composta pelos livros: "Poeta nu na alcova" (2002), "Filé 1,99" (2003, parceria com o poeta Malungo), "A Trégua dos ditadores" (cordel - 2004), "Férias do gueto" (2004), "Indigestual" (2006) e este “Teatrauma” (2018). Integrou algumas dezenas de antologias no Brasil e no exterior, entre elas: Marginal Recife 3 /PE, Mil Almas Mil Obras / Chile, Margens do atlântico /Portugal “Poesia viva do Recife” /PE, “Poetas independentes” /PE, Poetas en/cena 2 /MG, Maturí /SE, Poetas malditos /Angola, Antologia - poetas brasileiros contemporâneos /RJ. Colaborou com mais uma centena de fanzines e informativos no Brasil e no exterior, entre eles: O Capital /SE, Panorama da Palavra /RJ, A Cigarra/SP, Lítero pessimista /PE, O Boêmio / SP, Pense aqui/ SP, IL Convivio / Itália, Revue d’art et de literature / França, Al Margem /Espanha, Remolinos / Peru, Café Berlin /Alemanha, Diez Dedos / Colômbia
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