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o cine-theatro pop/lítico dos versos de Bruno Candéas

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olá
meu nome
é povo

sempre
disposto
a começar
de novo

sangue
que nunca
escorre

sou meu
próprio porre

alma
que não
declina

sou minha
própria vagina

assalariada

rodando
bolsa
na estrada






des-pro-te-gi-da

sentada
no torno
da vida

preenchida
por tipos
e protótipos

por nórdicos
por nordestinos

por cretenses
e por cretinos






a vida é mais bonita
no meio da pista

meus grandes planos
estão queimando

meus bons amigos
foragidos

a vida é mais completa
com a janela aberta

meus vôos insanos
estão pousando

meus bons ruídos
constrangidos






desvende meus medos
não minhas tatuagens

dome minha perversão
não meus fetiches

perambule pela névoa
não pelo eclipse

vasculhe cofres
não estrofes

ofereça-me hipóteses
não hipotenusas

sou cateter
vascularizado

rasgado pela incisão
da navalha

teatrauma tosco
mortalha

tralha






não sou
mas gostaria
de ser vício

início
chuvisco
precipício

barbariz a r i a
vampiriz a r i a

cresceria nas madrugadas
durante a tosse

demostraria sempre
mesma intenção

seqüelar o passo frio

íntimocovil






morrer para crer

alguém morreu
agora
parte mulher
parte José

morte covarde
militarizada
morte banalidade
desdentada

alguém morreu
agora
parte Mandela
parte vela

morte partidária
viralizada
morte diária
estancada
alguém morreu
agora
parte furor
parte flor

morte chacina
orquestrada
morte bailarina
discriminada

alguém morreu
agora
parte patrão
parte peão

morte comercial
tramitada
morte territorial
despautada






banquete nefasto

não sei
se sabem

da senhora
que achou carne

levou para casa
pensando
ser filé

depois descobriu
que era mama

lixo
hospitalar
de primeira






________________
Bruno Candéasé poeta e compositor. Sua obra literária, é composta pelos livros: "Poeta nu na alcova" (2002), "Filé 1,99" (2003, parceria com o poeta Malungo), "A Trégua dos ditadores" (cordel - 2004), "Férias do gueto" (2004), "Indigestual" (2006) e este “Teatrauma” (2018). Integrou algumas dezenas de antologias no Brasil e no exterior, entre elas: Marginal Recife 3 /PE, Mil Almas Mil Obras / Chile, Margens do atlântico /Portugal “Poesia viva do Recife” /PE, “Poetas independentes” /PE, Poetas en/cena 2 /MG, Maturí /SE, Poetas malditos /Angola, Antologia - poetas brasileiros contemporâneos /RJ. Colaborou com mais uma centena de fanzines e informativos no Brasil e no exterior, entre eles: O Capital /SE, Panorama da Palavra /RJ, A Cigarra/SP, Lítero pessimista /PE, O Boêmio / SP, Pense aqui/ SP, IL Convivio / Itália, Revue d’art et de literature / França, Al Margem /Espanha, Remolinos / Peru, Café Berlin /Alemanha, Diez Dedos / Colômbia
Contatos:
poetanu@gmail.com
Facebook: Bruno Candéas
Instagram: @poetacandeas


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