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o horror horror horror


● pensei em fugir ●
● sonhei nos sonhos fugindo ●
● longe longe demais dessa ilha ●
● q me arranca a pele toda manhã ●
● esmaga os ossos toda tarde ●
● pedaços de carne antes de ir dormir ●
● quando nos sonhos se repetem os dias ●

● a espera da lingua arrancada ●
● olhos perfurados com agulhas em brasa ●
● inda nos sonhos ate o fim do corpo ●
● quando o desejo se curva e se quebra ●
● quando as palavras as mesmas as mesmas ●
● não cessam noite dia na cama nos sonhos ●
● quando o desejo se curva e se quebra ●

● abrir os olhos nessa velha manhã ●
● abrir a janela pra ver a chuva de fuligem ●
● tocar as cinzas na barra da janela ●
● cinzas de todas as noites todas as horas ●
● não conseguir gritar e engolir ratos ●
● ratos apavorados por gatos mortos ●
● quando nos sonhos se repetem os dias ●

● morrer morrer morrer ●
● isso é facil isso é teatro são so palavras ●
● sopa lavras fome a fome as tantas fomes ●
● a morte a morte a morte so palavras ●
● tanto sangue sempre pra nada ma belle ●
● pra no fim e no começo o fim o começo ●
● so o horror horror horror ●

Alberto Lins Caldas






O mar e ela


Marielle.
Mas bem poderia ser
O mar e ela.
Porque o mar está bravo.
É forte a onda
Que vem da quebrada.
É forte a onda
Que vem da Maré.
Sangue jorrando nas ruas
do “Estácio, holly Estácio”
que era chão de poesia
de um Negro Gato!
Mas para ela:
Para a negra mulher,
Marielle...
Só tiros, vidros, estilhaços.
Nada da poesia do
“Estácio, holly Estácio”.
Sim, ela é Marielle.
Mas bem poderia ser
O mar e ela.
A força tempestuosa
Da negra mulher
Não se renderá.
Seguirá ecoando,
Eterna, arrebentando
Forte como as ondas do mar.
O mar e ela.
Marielle.
Ela e nós.
Precisamos desatar os nós.
Enfurecer como o mar.
Quebrar como as ondas
Da Maré.
Que o grito do morro
E a luta da negra mulher
Ecoem até o Mar
E quebrem em todas
As praias do mundo
Levando a mensagem
Dela, Marielle!

Goimar Dantas







Para Marielle Franco e Anderson Pedro Gomes


 O sangue
 não pode voltar no tempo

 como o orvalho
 seca e avança
 até o Sol

 O grito
 não pode parar a rajada
 de uma metralhadora

 como a água
 dentro da onda
 avança
 e retorna sempre

 Marcelo Ariel





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