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Ilustração:Collien |
Rãs
No raso se comprazem da chuva
leve]
A que se chama uva
Lânguida se estende lasciva
Na folha que flutua só
Outra se inflama de céu chumbo
Rosa sobre a folhagem da margem nua
Se queimou no álcool
Correu incendiada pela casa
Tropeçou entre os móveis poucos
Não saiu viva do fogo azul
À espera a cova rasa
Indigente como outros
Pobres assemelhados
Cobertos em trajes ralos
Como o feijão da louca queimada
Território
Antúrios machos
Ameaçadores
Falos duros amarelos
Em copas vermelhas
Folhas verdes esbranquiçadas
Firmes raízes cravadas
Empinada como serpente
Bradou:Alto lá
Comigo ninguém pode
Meu ciúme
Eu queria mesmo
Era ter voz
Um trinado sabiá
Ter o peito laranja estufado
Na cor perfeita que ele tem
O lamento do Assum preto
Mesmo cego
porque essas lindezas
Raras que são
Eu não tenho
Aprecio da janela que clareia o quarto de dormir
A luz do sol nas folhas
da velha jabuticabeira que dá jabuticabas
Iguais aos olhos da menina que mora na rua
Paulo Pignanelli : paulistano, tem poemas publicados em blogs, revistas eletrônicas como Germina, Mallamargens, Editora da Tribo, lançou em setembro de 2017 o livro de poemas Gosto de Ossopela editora Singularidade.