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AS NÁDEGAS DO TEMPO - JANDIRA ZANCHI

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TENTATIVA

é tarde, o vinho desce como vinil dolente, um pouco arranhado,
a vida me cabe em pílulas lascivas e sem carne
estremecidas no sol que se esconde emagrecido nos ventos senis
(embranquecidos) marejados  dos meus sonhos

por que insisto na verborréia subjetiva
cadente das sílabas enfraquecidas
- esse sul da alma -
se me oriento pelo norte da mente?

se insisto...  escorrego nos sons e lástimas de vidas breves
e dolores em suas frestas, festas que me enviam os mestres desqualificados
pressionados nas lástimas e entropias  de um tempo errante  tentante
 –bravo, muito bem qualificado de valentia  -
mas, ainda assim, é tentativa
sim, toda essa nobre e ventilada esperança e percepção é, talvez,
apenas tentativa de vida de elegância de felicidade e beleza.



VOLTAGEM

e o tempo insiste em continuar nesse ritmo vagabundo  imponente quer façamos parte – ou não – de seus malabarismos
engates/desgastes, quem se importa? que liga/desliga é esse
que compromete nosso  quase ridículo – senso apolíneo de beleza e
continuidade e evolução e pregação e...e...e...e..e.

voltagem/vantagem
aspectos incipientes de construções
navegações em mares brandos
alternados selvagens inesperados
deuses afrodisíacos
o paraíso não é o todo
o tolo não é o justo
o movimento não é consciente
mas... saberemos a verdade ou uma verdade que nos interessa?
o erro é fisiológico?



AS NÁDEGAS DO TEMPO

quase sempre recomeça o dia....

sonetos de pianos desacordados espiam minhas paredes
poesia/poeira/purificação
água encanada descobrindo o caminho do cárcere

se abro o sol
passos retumbam com vigor de passarinho
enquanto amanheço amálgama aliança de fatos
frases fosforescentes espiando a ponte

marina marinha mascavo mascarado musical irrelevante
desespero de não ter fórceps que encaixem leis e léguas
dúvidas e espantos arquivados em arcanjos
rondam e comentam    
farrapos atos atitudes de negação

..............contumaz córrego interrompe meu silêncio
na ponta do lápis ainda o  som o cheiro o bento
adeus, ah, adeus, caminha a nave nas nádegas do tempo.



CIRCULAÇÃO

1000 anos vão se passar e outros 1000 e outros e outros nesse oneroso processo de simplificação que oprime em seus círculos de ventos e ventarolas para um caminho duende
        – venoso e esperançoso –
aonde o centro é um ponto em x ou y ou w enquanto, nós, os sedentos sedentários otários e atuantes no comando ou na espreita nesse pequeno charco 
         iluminado arenoso deserto   
desabamos correntes almejando horizontes e nirvanas
e pétalas de conhecimento (verdade que alguns apenas chibatas
para o mando) enfim, iguais, no fim, na falta de sina,
apenas contagens de tempo
operando destilando veneno mágoas
        – botões de perfumadas rosas 
para as mais sábias experiências que desenrolam, como fios de prata, um bom éter e seus segredos de pacificação
planilhas e   planos
enquanto no jogo dos espelhos compartilhamos a circulação
          – sem coração – 
pois, está ausente dessa lida a lembrança da imagem ou do perdão.


JANDIRA ZANCHI

Poemas de Luas de Maçã (inédito).
Galeria: Frits Dang

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