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Cinco poemas de Arlete Franco

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Imagem: depositphotos.com


A poesia que fala de amor e vida,
da médica e poeta Arle Franco:


Onça

Retiradas as amígdalas
As dúvidas
Seis das sete vidas

Extirpados os tumores
As dores
Quase todas as saídas

Desfeita a cena da margarina
Sua sina
Logo mostrou-se diferente

Sobraram as presas
As garras
E o rumo: sempre em frente

*

Saciada

Cheiro a sua pele
Pêssego
Mordo sua carne
De maçã

A sobremesa
Suspiros
A pequena morte
No meio de um banquete

*

Multi
Seus planos
E íngremes
Camadas e dimensões

Suas sombras
E sóis
Tortuosidades e direções

Mostre-me o que achar que é da minha conta
Eu amarei o que eu puder

*

Cais

Um dia eu serei pó.
Meu nome não será dito nem com mel e nem com fel.
A minha alma atracará num cais de paz. E os meus átomos, desunidos, se entregarão ao Universo.
Mas, até lá, eu viverei.
Acerto, erro, ferro, hemoglobina, língua ferina.
Amor, calor, rubor e dor.
Até lá, eu existirei. E muito!

*

Moinho

Quis o vento passar
E moveu o moinho
Quis o rio chegar ao mar
Trouxe alimento aos pescadores

Quis a abelha adoçar
Acrescentou mais flores
Quis você amar
E a manhã feliz se fez








Arlete Franco - paulistana, 47 anos de idade, médica cardiologista, mãe de 3. Ávida leitora, vem se aventurando na poesia há 3 anos. Publicações: apenas científicas, por enquanto.
Blog: www.ondeamentepasseou.blogspot.com


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