Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

3 Poemas de O Vapor da Noite de Jandira Zanchi - tradução de Luciana Cañete

$
0
0
Ilustração: Leonora Carrington



O RELENTO DA NOITE

Curva-se à sina
e ao senão
dos varados
solventes ventos
varados
lá no ângulo
- dos capatazes –
rebenta a moura corda
do passado
danado
danoso
doloroso
(ao fundo um céu
de chafarizes)


jasmim ribanceira
lareira de lábios
umedecidos
conchas cavadas
no relento da noite

o assobio de uma estrela espuma na terra
como a vingança do açoite da vida.


RELENTE DE LA NOCHE

Se curva a la suerte
y al sino
de los varados
diluyentes vientos
varados
allá en el ángulo
-          los capataces –
reventa la mora cuerda
del pasado
dañado
dañoso
doloroso
( al fondo un cielo
de chafarices)

jazmínladera
hoguera de labios
humedecidos
conchas cavadas
en el relente de la noche
           
            el silbo de una estrella fugaz en la tierra
            como la venganza del azote de la vida
        

   ***            


CARAVELAS

Movimentos? quase só
os conheço aos poucos,
dos incomensuráveis
me poupo em cada pouso
para amar caravelas

antes de chegar-me
assumo a distancia

o espelho da nave
era sombra e, excluído,
fez-me crer que mais graves
são as manhãs de domingo
quase sempre amigas
dos papéis em branco
das recordações recortadas
dos múltiplos feriados.

Quando se surpreende o móvel,
no movimento ou no esquecimento?

Quando se forma a forma,
na correção ou na divagação?
são infinitas as maledicências
da matéria, as fazem de forma
a estarmos em constante humilhação
da derrubada dia e ponto
noite e selo
nas armações de suas venturas
mudadas de tática e conteúdo
à piragem da Nave.


CARABELAS

¿Movimientos? Casi solo
Los conozco de a poco,
de los inmensurables
me ahorro en cada poso
para amar carabelas

antes de llegarme
asumo la distancia

el espejo de la nao
era sombra y, excluido,
me hizo creer que más grave
son las mañanas de domingo
casi siempre amigas
de los papeles en blanco
de recordaciones recortadas
de los múltiples festivos.

¿Cuándo se sorprende el móvil.
en el movimiento o en el olvido?

¿Cuándo de forma la forma,
En la corrección o en la divagación?
Son infinitas las maledicencias
de la materia, se las hacen de manera
a que estemos en constante humillación
de derrumbe día y punto
noche y sello

en las armazones de sus venturas
cambiadas de táctica y contenido
a la locura de la Nave.


***


LÁCTEA

Os tempos de migração batem as asas

Esquento dois pedaços de néctar
- espremido e vacilante -
para minguar a quantia de fugas
grinaldas de lince e lua
ainda a magia do nada
o olfato benfazejo

creio-me láctea  e feroz na madrugada
passos estreitos andarilhos
calçadas vazias em lentos lamentos
de escrita e esperança.


LÁCTEA

Los tempos de migración baten alas

Caliento dos pedazos de néctar
– exprimido y vacilante –
para menguar la cuantía de fugas
guirnalda de lince y luna

aún la magia de la nada
el olfato bienhechor

Me creo láctea y feroz en la madrugada
pasos estrechos andariegos
veredas vacías en lentos lamentos
de escritura y esperanza.



Jandira Zanchi é poeta, ficionista e editora.   Publicou Área de Corte (2016)  e Gume de Gueixa (2013) ambos pela Editora Patuá, Balão de Ensaio (2007) pela Editora Protexto. Tem lançamentos para breve de A Janela dos Ventos  e A Minha Casa pela Editora Singularidade. Integra o conselho editorial de mallarmargens revista de poesia e arte contemporânea.




Luciana Cañete é poeta, tradutora, intérprete e mãe. Formada em Letras Português/Espanhol pela UFPR e pós-graduada em Tradução pela Universidade Gama Filho. Tem um livro publicado Meu coração bate e às vezes me espanca (Multifoco, 2009) e poemas na antologia 29 de abril : o verso da violência (Editora Patuá, 2015) e na antologia de 5 anos do Jornal Relêvo2015 além de poemas publicados diversos sites e blogs.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548