Minha geração
corria com o vento vultuoso
no lamento do chiado choroso da chuva
agonizante
: à cólera dos andrajos reminiscentes
conclamava ruínas ao horizonte...
Minha geração infértil
extinguível
infiltrável
desnorteia em fragmentos
indefesos corações embalsamados
enquanto
pupilas acesas, atentas
em prece
percorrem a oblíqua chama xamanística da vela indefesa.
Oh, minha geração!
Espíritos descarnados descalços
no frio azulejo do deslumbramento – perenes em desamar...
Nem jasmim
nem ameno tempo campestre
nem fragrância qualquer-que-seja
podem
aveludar, sinestesiar
os sentidos anestesiados pelo cada-um-por-si.
Ah, minha geração
– descansa no presente
fornicando com o futuro...
Os olhos voltados para dentro
não param o tempo no entardecer do corpo
; só eternizam a urgência efêmera
da poeirenta lápide precoce
na madrugada das minhas costas...
Francisco Gomes (cor)rompeu a existência em 1982 no arcaico município de Campo Maior (PI), mas fixou raízes na provinciana Teresina (PI), onde habita desde os sete anos de idade. Iniciou as faculdades de História e Letras/português, abandonou ambas. Publicou os livros Poemas Cuaze Sobre Poezias (FCMC - 2011), Aos Ossos do Ofício o Ócio (Penalux - 2014) e Face a Face ao Combate de Dentro (Kazuá - 2016). É autor/editor do blog PULSO POESIA (www.franciscogomespoiesis.worpress.com). Tem poemas publicados em revistas, coletâneas nacionais, jornais, blogs, sites, muros etc. Admira a carência orgulhosa dos gatos e a tranquilidade dos jabutis. Adora fígado acebolado.