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HELENA BARBAGELATA - POESIA, ALAÚDE

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ALAÚDE
por Helena Barbagelata


A J.

Escuta, escuta a madeira – o alaúde, reverbera,
a alma está na madeira, são duas, o imo,
da árvore, e o queimor dos dedos, do homem
– uma terceira, a dele, a sua, do alaúde; a melhor
é a nogueira, nela as cordas dançam – escuta;
o alaúde, é um barco, a música navega, assim,
filamento após filamento, destilada suavemente,
ouve a madeira; é uma gota, uma gota de mar –
e nos estaleiros, o eflúvio, cada barco é
um alaúde, leves, de manejamento grácil,
para as correntes dóceis, – abetos,
deslizando nas costas suaves do Egeu,
da Lícia, densos, como caixas de pinho,
caravelando, com a solidez que só tem
a morte, não cediam aos vórtices
do grande mar, apossaram o mundo;
[de que se faz a tua madeira,
pesa, flutua; o seu odor, inebria,
dissimula-se, com que afinco,
te debruças
sobre as tábuas, dia, noite,
nunca; constróis, cerzes,
aplanas,
de que te fazes


  Alaúde, Acrílico e Pastel sobre tela, Helena Barbagelata





Helena Barbagelata
Nasceu em Lisboa a 6 de Dezembro de 1991. É uma artista multidisciplinar, dedicada às artes plásticas, música e letras. Participa em revistas e antologias literárias em Portugal, Brasil e Itália, tendo sido laureada em diversos concursos internacionais. Foi a mais jovem vencedora do “Prémio Poesia e Ficção de Almada” (Edição de 2012), com a obra “O Mar de Todos os Deuses”, atribuído por unanimidade pela Associação Portuguesa de Escritores, Sociedade de Língua Portuguesa e pela Câmara Municipal de Almada. Tem publicada a obra 
Soliloquia (Apenas-Livros, 2013).

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