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Erik Johansson |
MENINO HOMEM MENINO
Nasci bicho do mato
com medo de gentes
Se voz estranha se avizinhasse
empoleirava na mangueira
ou espremia os olhos debaixo da cama
e me escondia dentro de mim
...ou fincava o queixo no peito
de modo que meus olhos não se atrevessem
a deixar o chão
Cresci menor do que era
me fizeram menor do que era
Pelas frestas da janela
a lua trocava ramalhetes de estrelas
por minha solidão
Aprendi o idioma dos pássaros
a os segredos das sementes
- fiquei do tamanho da imensidão
Tentaram adulterar minhas heranças
- não sabiam que raízes genuínas
não sofrem erosões -
Nasci bicho do mato
com medo de gentes
Após muitas ranhuras e alguma sequela
troquei o medo de gentes por
cautela.
com medo de gentes
Se voz estranha se avizinhasse
empoleirava na mangueira
ou espremia os olhos debaixo da cama
e me escondia dentro de mim
...ou fincava o queixo no peito
de modo que meus olhos não se atrevessem
a deixar o chão
Cresci menor do que era
me fizeram menor do que era
Pelas frestas da janela
a lua trocava ramalhetes de estrelas
por minha solidão
Aprendi o idioma dos pássaros
a os segredos das sementes
- fiquei do tamanho da imensidão
Tentaram adulterar minhas heranças
- não sabiam que raízes genuínas
não sofrem erosões -
Nasci bicho do mato
com medo de gentes
Após muitas ranhuras e alguma sequela
troquei o medo de gentes por
cautela.
DESAPEGO
O tempo vai amarrotando vaidades
alinhavando o efêmero
para a desconstrução do nada
que somos
A flor morreu no anonimato
- no caminho pedregoso inventado
os arrependimentos são tardios
A vida é um aprendizado para quem quer aprender
Arranquei todos os bolsos para o resto do caminho
o que realmente tem valor
guardo no coração
O tempo vai amarrotando vaidades
alinhavando o efêmero
para a desconstrução do nada
que somos
A flor morreu no anonimato
- no caminho pedregoso inventado
os arrependimentos são tardios
A vida é um aprendizado para quem quer aprender
Arranquei todos os bolsos para o resto do caminho
o que realmente tem valor
guardo no coração
C(R)OMO SOMOS?
Há flores de vários tipos, tamanhos, cores,
no jardim uterino:
sagrado invólucro do sublime
onde o Amor se multiplica.
A sociedade sem alma
se escandaliza com a flor dessemelhante
- anomalia é o desamor,
é eleger padrão para as obras de Deus.
Toda vida merece ser cuidada
por toda vida
- florir e reflorir felicidade
é o que a nós compete.
Na matemática do Amor
vinte e três mais vinte e três
também é quarenta e sete
Há flores de vários tipos, tamanhos, cores,
no jardim uterino:
sagrado invólucro do sublime
onde o Amor se multiplica.
A sociedade sem alma
se escandaliza com a flor dessemelhante
- anomalia é o desamor,
é eleger padrão para as obras de Deus.
Toda vida merece ser cuidada
por toda vida
- florir e reflorir felicidade
é o que a nós compete.
Na matemática do Amor
vinte e três mais vinte e três
também é quarenta e sete
TU ME AMAS?
Venhas comigo, mas deixes
os teus anéis e colares
que te darei vagalumes
e fios de sonhos lunares.
Deixes sapatos e bolsas,
roupas, perfumes e afins,
que eu te prometo um vestido
tecido por querubins.
Venhas comigo à montanha
para viver ao meu lado
em uma casa, onde estrelas
têm a função de telhado.
Terás um campo de flores,
e asas de voo irrestrito
pra desvendarmos recantos
do amor, do amor infinito.
Pousarás teus mil desejos
sobre os mil desejos meus,
e cada instante do êxtase
terá as bênçãos de Deus.
Não tardes... o tempo escasso
não parará pra esperar.
Eu te ofereço o que é simples
com a imensidão do mar.
Quando chegares, irei
dizer ao ouvido teu
que tu moras em meu peito...
Será que moro no teu?
Venhas comigo, mas deixes
os teus anéis e colares
que te darei vagalumes
e fios de sonhos lunares.
Deixes sapatos e bolsas,
roupas, perfumes e afins,
que eu te prometo um vestido
tecido por querubins.
Venhas comigo à montanha
para viver ao meu lado
em uma casa, onde estrelas
têm a função de telhado.
Terás um campo de flores,
e asas de voo irrestrito
pra desvendarmos recantos
do amor, do amor infinito.
Pousarás teus mil desejos
sobre os mil desejos meus,
e cada instante do êxtase
terá as bênçãos de Deus.
Não tardes... o tempo escasso
não parará pra esperar.
Eu te ofereço o que é simples
com a imensidão do mar.
Quando chegares, irei
dizer ao ouvido teu
que tu moras em meu peito...
Será que moro no teu?
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Jerry Uelsmann |
ALIENÍGENA
Os meus poemas têm pouca opacidade
não bebo águas de babel
prefiro a seiva das constelações e floras
para evitar monólogos
No clube fechado agigantam minúsculos
farsa que ludibria bêbados de si mesmos
mas nem tudo é regra
cascalhos escondem preciosidades
Na busca pelo verso imperecível
navego primaveras perenais
o amor é rima desgastada
para quem não sabe usá-la.
Os meus poemas têm pouca opacidade
não bebo águas de babel
prefiro a seiva das constelações e floras
para evitar monólogos
No clube fechado agigantam minúsculos
farsa que ludibria bêbados de si mesmos
mas nem tudo é regra
cascalhos escondem preciosidades
Na busca pelo verso imperecível
navego primaveras perenais
o amor é rima desgastada
para quem não sabe usá-la.
TRAVESSIAS
Aos onze anos vi meu pai partir
com a bagagem de explosivos
Nenhuma lágrima rompeu
a revolta que represava oceanos
Entardeci cedo demais
sobre a ponte dos desafios
- não havia mapa de atalhos
não havia mapa de desvios
Fui esculpido por mãos severas
áridas de carinho
que apontavam o caminho
da retidão
- O amor pode ser duro
como um diamante -
Sofri com a maturação
no vale das vicissitudes
onde compreendi
a minha significância
A missão é dura. Em madrugadas
nem sempre guardo o choro
Se o fardo é pesado
Deus é meu ancoradouro.
Aos onze anos vi meu pai partir
com a bagagem de explosivos
Nenhuma lágrima rompeu
a revolta que represava oceanos
Entardeci cedo demais
sobre a ponte dos desafios
- não havia mapa de atalhos
não havia mapa de desvios
Fui esculpido por mãos severas
áridas de carinho
que apontavam o caminho
da retidão
- O amor pode ser duro
como um diamante -
Sofri com a maturação
no vale das vicissitudes
onde compreendi
a minha significância
A missão é dura. Em madrugadas
nem sempre guardo o choro
Se o fardo é pesado
Deus é meu ancoradouro.
FRESTAS DO TEMPO
Às vezes, fecho os olhos
e vejo o menino descalço
pisando em poças de felicidade
que a chuva inventou
Vejo-o deitado no chão
ao lado da mãe
saboreando origamis de nuvens
Às vezes, fecho os olhos
e vejo o tempo desenhando sonhos
no coração do menino-moço
que sorri para as estrelas
e conversa com a lua
Vejo-o diuturnar
na colheita de versos imaculados
para a flor-mulher
Às vezes, abro a minha alma
e minha alma me revela
que meus ontens
sempre serão atuais.
Às vezes, fecho os olhos
e vejo o menino descalço
pisando em poças de felicidade
que a chuva inventou
Vejo-o deitado no chão
ao lado da mãe
saboreando origamis de nuvens
Às vezes, fecho os olhos
e vejo o tempo desenhando sonhos
no coração do menino-moço
que sorri para as estrelas
e conversa com a lua
Vejo-o diuturnar
na colheita de versos imaculados
para a flor-mulher
Às vezes, abro a minha alma
e minha alma me revela
que meus ontens
sempre serão atuais.
por excesso de vírgulas
meus pés singraram lodaçais e abismos
mas preferi jejuns a engolir perjúrios
- a fome não devora a minha dignidade
sobrevivi a escombros e parti
sem bússola, sem mapas, sem mim
sabendo que os calos enrijecem a alma
mas não detêm erupções
outros aromas, outras nuanças, outros ardis
no vale das sanguessugas
há muita carne estragada em traje de gala
para mais um baile
como sabê-la? A valsa não para
- onde estará a dama sem maquiagem?
Maurício Cavalheiro, paulista, nascido em Pindamonhangaba no dia 18 de maio de 1964. Graduado em Letras pela Faculdade Anhanguera de Taubaté. Ocupa a cadeira número 30 da Academia Pindamonhangabense de Letras, onde integra a diretoria como segundo tesoureiro. É secretário na diretoria da UBT – União Brasileira de Trovadores, seção de Pindamonhangaba. Livros publicados: Lágrimas de Amor, poesia; O sapinho jogador de futebol, infantil; O estuprador de velhinhas & outros casos, contos; O menino que quase virou árvore, teatro infantil; O casamento do Conde Fá com a Princesa do Norte, cordel; Um caso de amor na Parada Vovó Laurinda, cordel; Zé Ruela e a capela de Sant’ana. Blogs: rastrosliterarios.blogspot.com.br aultimacabeca.blogspot.com.br