Plano americano
Superfícies dissolvidas
em fundo infinito
Enfoco o olho
perpétuo
A pedra não está parada no cais do porto
se move à velocidade dos átomos
dentro de sua aparência muda
Não falo da simples oposição
claro escuro
movimento e nulidade
Tampouco do resultado
se não do indissolúvel que suscita em nós
a plasticidade da coisa
Língua
Percorre a boca
em marés que lavram
palavras
Vibra víbora
no céu do palato
quando diz não
Desmedida
canta sutil como
pássaro
Descometida
Desfruta atrás dos dentes
o prazer do sim
Gnosis
Os mortos
cantam em volta da fogueira
sob hordas de estrelas
No céu
escuro da noite
a morte é irmã
Na ciência das canções
na pintura em movimento dos bisões
no verso anotado sobre o impossível
Ardilosamente o fim está adiado
o rumo
incerto
diante da terra ceifada ao norte
Mimetista
Indiferente
aos verdes azulados
o sol salga nossas costas
Esquecido do encanto
dos peixes
que saltam ao céu
Escavado à goiva do tempo
a maquina repete pedras e espantos
no eterno terra mar
Galeria: Gilad Benari
Fotografia Paulo: João Emilio
Paulo Pignanelli: Nascido paulistano, arquiteto desde há muito tempo, escreve por necessidade e prazer de imaginar. Possui graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (1978) e mestrado em ESTRUTURAS AMBIENTAIS URBANAS pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (2003). Lecionou na Universidade Estadual de Londrina, Universidade Municipal de Taubaté, Universidade de Guarulhos, Universidade Católica de Santos, Universidade Anhembi-Morumbi na área de projetos e urbanismo. Atualmente é professor contratado do Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas e coordenador de projetos - Cia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo.