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Ilustração; Weltengang |
IMPACTUS VITAE
Vida que subitamente me escapa
Pedra corpo nu e verso lançado...
Na delicada vidraça que se quebra
Espalhando-se em mil pedaços:
Uma alma partida entre os estilhaços.
O ETERNO FIM DE TUDO
Coisas de tempo atrás
Parece que foi ontem
Aqui viveu um rei
Lá morreu um plebeu
Entre ontem e hoje
Apenas Eu.
CINZAS DO CREMATÓRIO
O fogo consumirá,
Tão logo aceso,
O corpo imobilizado,
Crestará os pêlos das axilas,
das virilhas e das pernas.
Queimará os olhos
E todas as possíveis visões de beleza.
O fogo queimará a memória
E o coração já apagado.
Desnudarão o selvagem peito
As chamas milimétricas.
Derreterá todos os contornos
De impossíveis perfeições
O Hálito quente das labaredas
[ Incandescentes.
O fogo queimará a pele,
Os músculos e os sentimentos,
E espalhará até acabar
Com as últimas vaidades…
Nem poder e nem riqueza
Tudo jazerá igual nas cinzas:
- O mais, por certo, se dissolverá
No tempo e na fumaça.
AMY
A voz de veludo
O tom perfeito
A mansa transição
Entre os espaços
Complexos do ser
Jazem aprisionados
Definitivamente
No interior da boca
Da cantora morta e
Enterrada
Sob o silêncio das flores.
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Ilustração; Weltengang |
O MERGULHO
estranho silêncio pelo apartamento
nenhuma musica
nenhum grito
nenhum barulhinho sequer ao meu lado.
entre esta noite e tudo aquilo que acredito
ouço apenas minhas lágrimas caindo lentas...
e num torpor de queda constato o meu salto.
A MARGEM
pelos subterrâneos e bulevares
pelas prostitutas da noite
pelos bêbados da madrugada
meu poema pede licença
e meus sonhos pedem passagem.
Fabiano Silmesé escritor, poeta e publicitário, graduado em Produções Publicitárias e Marketing, pela Universidade Estácio de Sá-RJ.Em 2011, lançou o seu primeiro trabalho literário de poesias: Comida para Bicho-Cabeça, pela editora Multifoco. Atualmente, colabora com seus poemas e crônicas em blogs alternativos, contando com a parceria de outros poetas.