Bilboquê de Rosa e Chuva
A alma dói, mas é só um minuto. Só enquanto dói. Só enquanto sangra.
O que ela guarda, semente de sol, respiro de saudade de beija-flor. Bilboquê de botão de rosa e chuva.
O que ela guarda, semente de sol, respiro de saudade de beija-flor. Bilboquê de botão de rosa e chuva.
Água
Vou buscar uma fonte, um gêiser, um jato de água de onde eu renasça.
Pra ser líquida com ele e te receber, evaporar pelos teus poros e chover por dentro, até deixar de ser.
Trapezista
Ele sorriu pra mim, antes do último salto. E fechou os olhos e cerrou os punhos. E fechou a boca, prendeu as mandíbulas.
Não me deu a mão e saltei sozinha, sem nenhuma rede, sem nenhum amparo, sem o braço dele.
Silencioso picadeiro, o nariz vermelho.
Cômica trapezista sou eu.
Todo o Amor é Céu
Ninguém ama por acaso. Ninguém se veste de amor pra trancar o coração e dormir sozinho dentro dele.
Ninguém pisa os campos do amor se não merece, se não procura por eles, se não precisa da sua chuva de primavera.
Todo o amor é bendito, bem-vindo. Todo ele redime e liberta o que, em nós, precisa de ar, de vida, da bênção dela, do seu sustento.
Todo o amor é céu. O inferno é por nossa conta.
Ninguém pisa os campos do amor se não merece, se não procura por eles, se não precisa da sua chuva de primavera.
Todo o amor é bendito, bem-vindo. Todo ele redime e liberta o que, em nós, precisa de ar, de vida, da bênção dela, do seu sustento.
Todo o amor é céu. O inferno é por nossa conta.
Poema do Sim
Não meço a distância entre pensamento e gesto.
Mãos de aparar o que flui e toma a luz que pousou no console da memória.
O passo é sem pegadas e sem volta, o ar falta, suprime a fala.
Tenho uma farpa no umbigo, ferida lenta.
Tiro o que dói, antes do abraço.
Tiro o que dói, antes do abraço.
ROSA MARIA MANO, Mariana de São Paulo, onde vivi até os quarenta e um anos, com breve intervalo de cinco anos de residência na cidade do Rio de Janeiro, vivendo hoje à beira-mar, na cidade de Rio das Ostras . Licencianda em História, pela Universidade Estácio de Sá. Premiada no Concurso de Poesia do SESC – Rio de Janeiro de 1999, tendo A Lua Negra em primeiro lugar na fase municipal (Teresópolis) e segundo na premiação final, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda, segundo lugar em Teresópolis com Re(s)cendência, no mesmo concurso. Vencedora do I Concurso de Escrita Criativa, nas três categorias, Editora LiberUm, 2016. Publicou: Fruto Mulher– coletânea de poesia– coautora, Autoras: Rosa Maria Mano, 1982,Ed. Semente, São Paulo; Xamã,1983, Poesia – Companhia Litográfica Brasileira, São Paulo; Três Marias e um Cometa, Conto infanto-juvenil, 1985, Companhia Editora Nacional; O Gato, Conto, 1998, D.O. Leitura, São Paulo; Coletânea Prêmio SESC de Poesia,2000, Editado pelo SESC, Rio de Janeiro; Vento na Saia, poesia, 2015, eBookAmazon/Kindle. Publicando, atualmente, nas revistas eletrônicas:Mallarmargens, Revista Carlos Zemeck, O RelevO. Colaboradora da Revista do Choro.