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Dois Poemas de Caio Cardoso Tardelli

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No parque sonolento, onde os sonhos se vão
Qual uma delicada vida que se encerra,
O sol adormece como a lenta ilusão
De um amor que se evade pela terra...

Tudo é doçura nas alamedas saudosas…
Parecem perpassar, pela alma das rosas,
Os suspiros de um adeus nunca ouvido...
A sombra de uma esperança sem fim…

O luar, surgindo entre as folhas, sentido
Pela alma como uma alma irmã, sugere
Formas desoladas ao parque sonolento…

Formas de um passado que ainda fere
A pupila ansiosa do azulado jardim…
Formas da alegria de um só momento

Refletido no abraço dos ramos tristonhos
No banco envelhecido, entre o luar marfim,
Onde beijos outrora comungaram sonhos…

--

DESPEDIDAS

Só, incessante, um som de flauta chora…
Camilo Pessanha

Ao eternal som da despedida,
No céu que fulgia a cor dum sonho,
Eram tantas nuances que suponho
Que tudo não se sucedia em vida.

O pranto, o morrente entressonho,
E a rubra ventura desmedida,
Ao eternal som da despedida,
No céu que fulgia a cor dum sonho.

Ó meu coração, luz entardecida
De um entardecer tão tristonho,
Aonde foste, medroso e risonho,
Como numa aguardada partida?

Ao eternal som da despedida,
Pelo céu que fulgia a cor dum sonho...




(Pintura: "Sunset at Etretat", por George Inness)






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