![]() |
"Cross-section of a banana under a microscope" Imagem publicada originalmente em: http://imgur.com/gallery/5AwKzR3 |
Banana Palace
I want you to know
how it felt to hold it,
deep in the well of my eye.
You, future person: star of one of my
complicated dooms —
This one’s called Back to the Dark.
Scene 1: Death stampedes through the server-cities.
Somehow we all end up living in caves, foraging in civic ruin.
Banana Palace — the last
of the last of my kind who can read
breathes it hot
into your doom-rimed ear.
She’s a dowser of spine-broken books and loose paper
the rest of your famishing band thinks mad.
•
Mine was the era
of spending your time
in town squares made out of air.
You invented a face
and moved it around, visited briefly
with other faces.
Thus we streamed
down lit screens
sharing pictures of animals looking ridiculous —
trading portals to shoes, love, songs, news, somebody’s latest
rabid cause: bosses, gluten, bacon, God —
Information about information was the pollen we
deposited —
while in the real fields bees starved.
Into this noise sailed
Banana Palace.
•
It was a mother ship of gold.
Shining out between happy bday katie!
and a photo of someone’s broken toe —
Like luminous pillows cocked on a hinge,
like a house
with a heavy lid, a round house of platelets and honey —
It was open,
like a box that holds a ring.
And inside, where the ring would be:
•
I think about you a lot, future person.
How you will need
all the books that were ever read
when the screens and wires go dumb.
Whatever you haven’t used
for kindling or bedding.
Whatever made it through
the fuckcluster of bombs
we launched accidentally,
at the end of the era of feeling like no one
was doing a thing
about our complicated dooms —
Helpless and braced we sat in dark spaces
submerged in pools of projected images,
trying to disappear into light —
Light! There was so much light!
It was hard to sleep.
•
Anyway.
Banana Palace.
Even now when I say it, cymbals
shiver out in spheres. It starts to turn its
yellow gears
and opens like a clam. Revealing
a fetal curl on its temple floor,
bagged and sleeping —
a white cocoon
under lit strings that stretch
from floor to ceiling —
a harp made of glass
incubating
a covered
•
pearl —
We broke the world
you’re living in,
future person.
Maybe
that was always our end:
to break the jungles to get at the sugar, leave behind
a waste of cane —
There came a time
I couldn’t look at trees without
feeling elegiac — as if nature
were already over,
if you know what I mean.
It was the most glorious thing I had ever seen.
Cross-section of a banana under a microscope
the caption read.
I hunched around my little screen
sharing a fruit no one could eat.
Banana Palace
Eu quero que você saiba
a sensação de o reter,
fundo na fonte do olho.
Você, pessoa futura: estrela de uma de minhas
desgraças complexas –
Esta é chamada De Volta às Trevas.
Cena 1: a Morte debanda por cidades-redes.
Acabamos de alguma forma em cavernas, forrageando na ruína cívica.
Banana Palace — a última
das últimas das minhas que sabe ler
o sopra quente
na sua orelha pra lá de gélida.
Ela resgata, ávida, aleijados livros de folhas frouxas
o resto da faminta leva pensa que está louca.
•
a minha era foi
de perder tempo
em praças feitas de ar.
Você inventava um rosto
e passeava com ele, recebia visita
de outros rostos.
E assim fluíamos
por telas lúzias
partilhando fotos de animais ridículos —
portais pro comércio de tênis, beijos, cantos, fatos, a última
causa de fúria alheia: chefes, glúten, bacon, Deus —
Informação sobre informação era o pólen que
depositávamos —
enquanto nos campos de fato morriam de fome as abelhas.
Neste ruído adentro singrava
o Banana Palace.
•
Era uma nave-mãe de ouro.
Brilhando entre um FELIZ NíVER, TATI!
e a foto de um dedo do pé quebrado –
Como travesseiros luzentes vergados numa dobradiça,
como uma casa
com uma pesada tampa, uma casa redonda de mel e plaquetas —
Estava aberta,
como uma caixa que guarda um anel.
E dentro, onde estaria o anel:
•
Eu penso muito em você, pessoa futura.
De como precisará
de todos os livros já lidos
quando as telas e os fios calarem.
Os que não tiver usado
pras chamas ou camas.
Os que tiverem restado
do revertério de bombas
lançadas por acidente,
no fim da era da sensação de que ninguém
estava fazendo nada
quanto às desgraças complexas —
Desvalidos e acoitados sentamos em espaços núbios
submersos em piscinas de projeções visuais,
tentando desaparecer na luz —
Luz! Havia tanta luz!
Não era fácil dormir.
•
Mas enfim.
Banana Palace.
Nesse momento em que digo, tremem
em esferas os címbalos. Começa a girar suas
roldanas áureas
e abre feito um molusco. Revelando
um rolo fetal no chão do templo,
ensacado e dormindo —
um casulo branco
sob as cordas lúzias extensas
do chão ao teto —
uma harpa de vidro
incubando
uma coberta
•
pérola —
Nós quebramos o mundo
em que você vive,
pessoa futura.
Talvez
fosse esse o nosso fim:
quebrar as selvas para ter açúcar, deixar pra trás
restos de cana —
Veio um tempo em que eu
não via árvores sem me
sentir elegíaca — como se a natureza
já estivesse extinta,
se é que você me entende.
Foi a coisa mais gloriosa que já vi.
Corte transversal de uma banana sob um microscópio
a legenda dizia.
Eu futuquei minha pequena tela
a partilhar uma fruta que ninguém comeria.
Dana Levin nasceu em 1965 nos Estados Unidos. Publicou In the surgical theatre (American Poetry Review/ Copper Canyon Press, 1999), Wedding day (Copper Canyon Press, 2005), Sky Burial (Copper Canyon Press, 2011) e Banana Palace (Copper Canyon Press, 2016). Seu primeiro livro ganhou o Honickman First Book Prize. Esse foi o primeiro de vários prêmios e bolsas que ela recebeu ao longo de sua carreira.
Diego Callazans nasceu em 1982, em Ilhéus, na Bahia. Publicou A poesia agora é o que me resta(Patuá, 2013) e Nódoa (7Letras, 2015). Seus poemas foram publicados em diversas revistas literárias brasileiras.