Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

BESOURO, POEMA DE ALEXANDRE GUARNIERI

$
0
0




BESOURO



lacres que nunca abrem/
asas que não se exaurem/
zunem jactos a álcool,
apesar de incompatíveis
com o volume do seu bôjo
(nem beijo/ nem ouro,
em que pese o trissílabo
- besouro/ abejorro); alado,
tem pinças no lábio, garras
ladeando o tronco, cobreado
ou ferroso, as cores da
própria terra o recobrem,
(mais um bicho entre homens
que, como outros, foge,
mesmo o escaravelho jovem) 
artrópode de élitros laterais,
ágil artíficie da blindagem
flexível que o protege de
quaisquer íntimos ataques,
e ainda assim hospeda-se,
dependendo da espécie a que
pertença, debaixo das pedras
crespas, como se esperasse
haver hotéis cinco estrelas,
entre estas raízes e gretas




fotos de Howard Schwatz

*     *     *





Alexandre Guarnieri nasceu no Rio de Janeiro (em 1974), é arte-educador habilitado em História da Arte pelo Instituto de Artes da UERJ, e Mestre em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação da UFRJ (ECO). "Casa das Máquinas" (Editora da Palavra, 2011) é seu livro de estreia. É editor de Mallarmargens; Email: alex.guarni@gmail.com



Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Trending Articles