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4 POEMAS DE CARLA DIACOV

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4 poemas de 





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agora é do outro lado do mar. ora quem diria? vírgula não faz mapa. agora é coisa do outro lado do mar. se chove sente-se um traço do agora abre-se a bolsa a bolsinha dentro da bolsa PENSA SUSSURRADO vá juntando BLOQUINHO EM BLOQUINHO FAZ MOINHO DO OUTRO LADO DO MAR. beija-se tintas BOCA SUJA BOCA MINHA BOCA BARCAÇA CHEIA DE AGORA: bloquinho em bloquinho agora. moinho. agora farol não. agora sim. farol nunca. agora ora quem dirá e isso me parece crível por demais.




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há um cavalo gigante escondido na palavra antropologia. há um cavalo gigante escondido na palavra arco. há um cavalo gigante escondido em tudo o que eu digo velhice cuspe peito cavalo pacote suor covardia. uns louvores, sabes? uns horrores. ainda morro. há um cavalo aqui também AINDA MORRO, CAVALO! há um cavalo correndo no escuro do meu seio. outro.




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nasceu cega e era cega a primeira vez que tocou o sexo com uma intenção não completamente engolida pela sua imensidão escusa. e isso era tudo o que havia sobre sexo, mas não tinha esse nome. chamava ao evento beatrice e beatrice cheirava ao gosto do trevo-azedo.




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meia lua o escudo da tua cidade. a vida corre perturbada e bonita. estaremos entre as primeiras árvores: há algo de bíblico aqui. um navio com um coração dentro. UM NAVIO ENTRE AS PRIMEIRAS ÁRVORES. meia lua em ponto: ONDE NOS ABRIGA A ILHA DO MEIO DIA um dos idiomas da tua cidade. o resto é inevitável e já faz corpo.


 *   *   *


Carla Diacov, São Bernardo do Campo, SP, Brasil, 1975. Formada em Teatro. Estreia em livro, além da participação em algumas antologias, comAmanhã Alguém Morre no Samba, (Douda Correria, Portugal, 2015). Tem participação em diversas revistas on-line e impressas. Se atraca com as plásticas o tempo inteiro, movimento que a serve a construir em conjunto de matérias ou que a traz de volta às letras somando algo da extração da borracha. Gosta de abordar o sangue. Tende a ser serial. Em Agosto de 2016, publicou A metáfora mais Gentil do Mundo Gentil, (Macondo Edições). Em 22 de Setembro vê lançado o primeiro volume de Ninguém Vai Poder Dizer Que Eu Não Disse(Douda Correria, Portugal, 2016).

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