descer as escadas de casa
para se atrapalhar pelos degraus desnivelados
e o torpe cambaleio das suas pernas
o portal de madeira e ferro abre
espaço à cozinha
enquanto você pensa que a noite
poderia andar com você pela noite
todos os seus minúsculos
te lembrariam da vontade de cair
-inserir imagem do escuro-
e uma única volta
ao redor do seu braço direito
diria com clareza
diante de tudo que poderia fazer
que o membro
[ele]
atrapalha.
* * *
foi descoberto este botão
envolto num pano manchado
dentro de uma bolsa
feita de outro pano
você não poderia ter previsto
os sensores térmicos e as tecnologias
alguns anúncios de ruína
o meu avô
a sobriedade que alcança quando se atende o telefone e o
instante que precede a fala.
a razão de não se colocar a mão no fogo quente
a razão de se colocar a mão no fogo quente
mas principalmente você
enquanto desatarraxava o fecho da bolsa
desembolava a linha olhando para frente em um único movimento
lembrou as luvas do bairro da liberdade
você dizia que devíamos tirá-las assim
para não confundir o tempo
— entendo a importância de contar histórias e
provavelmente o faria logo depois de ouvir
acontece que o penso me distrai. —
algo como andar a favor do vento
sentir os fios soltos pela testa
e ouvir que seria melhor para imagem
fazer o contrário
partir da testa
caminhar a contrapelo
sentir a resistência do vento - o corpo
e tropeçar
no infindável nó
do fio.
* * *
O problema
do
ego
é meu
do
ego
é meu
Daniel Dargains não é bobo nem nada.