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3 POEMAS DE DANIEL DARGAINS

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descer as escadas de casa
para se atrapalhar pelos degraus desnivelados
e o torpe cambaleio das suas pernas
o portal de madeira e ferro abre
espaço à cozinha
enquanto você pensa que a noite
poderia andar com você pela noite

todos os seus minúsculos
te lembrariam da vontade de cair

-inserir imagem do escuro-

e uma única volta
ao redor do seu braço direito
diria com clareza
diante de tudo que poderia fazer            
que o membro
                                           
                           [ele] 
                                                  atrapalha.


*   *   *


foi descoberto este botão
envolto num pano manchado
dentro de uma bolsa
                                       feita de outro pano

você não poderia ter previsto
os sensores térmicos e as tecnologias
alguns anúncios de ruína
o meu avô
a sobriedade que alcança quando se atende o telefone e o
instante que precede a fala.
a razão de não se colocar a mão no fogo quente
a razão de se colocar a mão no fogo quente
mas principalmente você

enquanto desatarraxava o fecho da bolsa
desembolava a linha olhando para frente em um único movimento
lembrou as luvas do bairro da liberdade
você dizia que devíamos tirá-las assim
para não confundir o tempo

 — entendo a importância de contar histórias e
provavelmente o faria logo depois de ouvir     
alguém falar no tempo. ou talvez de mim.
acontece que o penso me distrai. —

algo como andar a favor do vento
sentir os fios soltos pela testa
e ouvir que seria melhor para imagem
fazer o contrário
partir da testa
caminhar a contrapelo
sentir a resistência do vento - o corpo
e tropeçar
no infindável nó
do fio.


*   *   * 




O problema
                 do
                       ego
 é meu

 *   *   * 


Daniel Dargains não é bobo nem nada.







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