
Let me fashion
you a fable
or a borderline
(Ricardo Domeneck — Six Songs of Causality)
I
canto para meu sonho
narrando a pergunta
da fala
do acaso
assim eu rio
e a fé que alça
o grito escuro
da incerteza me chama
o sentido
sempre falo
ao futuro surdo
sobre o instante
do outro
indago à testemunha do azul
sobre a resposta
de um universo passado
leio no espanto
que planta mudas de loucura
sobre o caos desde o sétimo dia da criação
II
espanto para meu canto
narrando a criação
da chama
do azul
assim eu sonho
e a fé que testemunha
o instante futuro
da incerteza me planta
o outro
sempre grito
ao rio passado
sobre o escuro
do sentido
indago à fala do acaso
sobre a loucura
de um universo surdo
leio no falo
que alça mudas de pergunta
sobre o caos desde o sétimo dia da resposta
III
rio para meu falo
narrando a chama
da criação
do passado
assim eu grito
e a fé que planta
o surdo outro
da incerteza me pergunta
o instante
sempre espanto
ao escuro futuro
sobre o acaso
do canto
indago à loucura do sentido
sobre a alça
de um universo azul
leio no sonho
que testemunha mudas de resposta
sobre o caos desde o sétimo dia da fala

IV
grito para meu rio
narrando a resposta
da planta
do sentido
assim eu canto
e a fé que chama
o escuro azul
da incerteza me testemunha
o surdo
sempre sonho
ao instante futuro
sobre o falo
do acaso
indago à pergunta do espanto
sobre a alça
de um universo outro
leio no passado
que fala mudas de criação
sobre o caos desde o sétimo dia da loucura
V
falo para meu grito
narrando a alça
da loucura
do outro
assim eu espanto
e a fé que pergunta
o futuro sentido
da incerteza me fala
o rio
sempre canto
ao surdo azul
sobre o passado
do instante
indago à criação do sonho
sobre a testemunha
de um universo escuro
leio no acaso
que chama mudas de resposta
sobre o caos desde o sétimo dia da planta
VI
sonho para meu espanto
narrando a loucura
da resposta
do instante
assim eu falo
e a fé que fala
o acaso surdo
da incerteza me alça
o futuro
sempre rio
ao canto escuro
sobre o passado
do azul
indago à chama do outro
sobre a criação
de um universo sentido
leio no grito
que pergunta mudas de planta
sobre o caos desde o sétimo dia da testemunha
Ilustrações: Jee Young Lee
Teofilo Tostes Daniel é poeta e escritor nas horas cheias. Nas horas vagas bendiz o ócio, lê, canta no chuveiro e nas aulas de canto. Nas plenas, conversa com amigos, reúne-se em família, brinca com suas cachorrinhas e é feliz com sua esposa. E em horário comercial é analista de comunicação do Ministério Público Federal. Nasceu a tempo de aproveitar os últimos seis meses dos anos 70, o que talvez justifique alguns traços de sua personalidade. É formado em Produção Editoral pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e vive em São Paulo desde 2006. Publicou Trítonos – intervalos do delírio (Patuá, 2015) e Poemas para serem encenados (Casa do Novo Autor, 2008). Participou ainda das coletâneas Antologia Inaugural – Patuscada (Patuá, 2016), Di Menor (Publicação digital na plataforma Issuu, 2015) e História Íntima da Leitura (Vagamundo, 2012) – projeto em que também realizou, junto com Paulo Mainhard e Fabiana Turci, um documentário com os autores. Colaborou ainda com a Enciclopédia de Guerras e Revoluções do Século XX (Elsevier/Campus, 2004). Tem contos e poemas publicados em revistas literárias, e artigos nos sites "Musa Rara", “Transfeminismo.com” e “Rio&Cultura”. Escreve habitualmente em http://teofilotostes.wordpress.com/.