Os testículos e a borboleta.
Aquilo não era sexo, ela o fagocitava com a vagina.
Pompoarismo e muito bate-boca.
Brigavam nus entre a cama e a parede,
acurralados faziam o amor em pé para redimir um as dores do outro.
Quando lhe penetrava, sua borboleta bem exhibida à mostra,
farfalhava as pequenas asas agradecida ao preenchimento do oco,
que lhe chegava até a alma.
Pensava que qualquer mulher seria assim faltosa do pólen.
Devoradora, o castrava enquanto lhe lambia os testículos com a língua em ponta,
depois jogava-os para cima e para baixo como se estivese com duas cereijas na boca
- uma dor quase imperceptível que apenas ela sabia fazer com exatidão -
Em outras circunstâncias o fazía calar sempre cheia de argumentos,
impertinências em disputas desinteressantes.
Ele para ela era jujuba mastigável, macia para não engasgar.
Ela para ele um mandacarú em flor carregado de espinhos,
resistente a uma secura que ela julgava ser do parceiro,
visto que a reconhecía como masculina.
A secura era toda súa.
Pólen in love ou poliamor.
Para a inveja da trepadeira
Chegou um pé de valsa
E rosa menina virou Maria
Dessas que vão com as outras
- As semvergonha -
Pro "baile" todo o dia.
Obscena 1.
Se você soubesse,
se te convencesse,
se te comesse,
pagava até pernoite.
.
.
.
Se meu dinheiro te comprasse,
seu puto barato
Você saberia o que são estas reticências.
Obscena 2.
Tá pensando o quê?
Mulher fácil, sou.
Mas de óbvio
.
.
só tenho minha passarinha morena.
Obscena 3.
Enamoramento agudo,
cama de casal,
não passas de uma estátua
pelado num pedestal.
.
.
Tanto faz se de pica dura ou mole.
A histérica clássica.
Ele me come e depois faz da minha cama uma geleira,
me larga de bruços à deriva por um mar de vodka fría comprada na promoção:
"leve duas e embriague uma mulher".
Filho da puta.
Voluntariosa fiquei postrada de quarentena,
porque tu não vieste me colocar de quatro.
Mando en ti,
Um velho mastim sem pedigree que se deixa montar quando o ordeno.
Te estimo, deixo parecer que sim.
Grito deito agora e te chupo até me afogar com teu suor e sêmen.
Vai me foder quando te mandar,
e parar só se eu quiser.
Tive febre, sabia?
Ardia mais que a ponta do cigarro,
retirei a maquiagem caprichada com o meu lençol de 500 fios,
culpa sua, foi falta de curra.
Tenho doença crônica, me deixa em carne viva,
fiz o tratamento de água fria na virilha recém depilada,
e usei vibradores de todas as cores.
Foi em vão.
Rodelas de cebola nos olhos, chumaços de algodão no nariz,
pálida cadavérica no meu necrotério particular.
Tudo não passa de chantagem emocional.
Ainda hoje vou te chamar para me ver morta chorar.
A inconsolável Consuelo.
E assim a vida passava para Consuelo,
Vão-se as curras, ficam as rugas.
Imagens: Pinterest; figura 4: Katarzina Widmaska.
Nascí uma Carmen qualquer, imigrei marinheira q sou e aprendí a falar português. Psicóloga de língua e alma bipartida, quebro a cabeça em castelos de areia devidamente traduzidos e mal pagos. Meus pais me gratificaram com um prêmio jabuti de verdade q perdí no meu retorno ao meu país de origem, onde moro atualmente. Escrevo no facebook, colaborei com a Revista virtual Germina arte e literatura, Revista Pausa e agora com gozo na Mallarmargens.