Minguelanjo, loco de Amor loko por Dora, padece uma fobia que o desloca do que seria um amante perfeito: a espelhe, não tem poder para seduzi-la- “não se esqueça, leitor, que a sedução é o oposto da verdade e do amor, e que o sedutor é um patético clown”. Evita sexo por medo de que ela descubra suas mentiras de menino órfão. Descobriu que Dora, sua única mulher formal, é uma striper famosa na Rússia. É um freak, um ilusório, carrega uma GLOCK na mão direita, e isso ficou impresso no quase cadáver da moça agora que ele, ya loco de amor loco- “o desejo físico não pode sublimar-se”, decidiu uma ação extrema; não suporta a tal em desnudez explícita. Mediante extorsão, consegue“uma operação fabulosa”, faz com que zombies lhe arranquem miolos do cerebelo. Logo, uma cirurgia sanguessedenta.
Dora sempre louca e de parabéns. Teve um surto pscigótico supostamente infeliz devido a ingestão de bebidas adulteradas. Voltou, Dora, a sua cidade natal sem grandes dúvidas. Afinal, há muito tinha descoberto sua lokura, medicada no melhor estilo; entre tarja preta, doses de wine winner e sexo angelicado, se dizia curada: i'm fine. Tudo bem já que sua boceta permanece fresca e aberta, como quem espera. Sabe se maquiar. “In the other hand, ellos son inofensivos, graciosos, golpean por gusto y porque están solos, nunca te lastimarán para siempre, apenas algunos moretones, pequeños cortes que te embellecen, huellas que desaparecen en menos de una semana y vos sabés disimular muy bien con make up.”
hay la locución que el escritor de Dora, nacido en Buenos profirió: locura es literalidad, al pie de la letra: sin metáfora, ella luego después del goce recuperará la soberanía de ese cuerpo femenino, sin considerar el amor sexual. Fugirá do Ocidente para visitar o Japão,onde todos – não só Dora- são fetichistas – Dora escreve numa pedra com unhas rojas, assim prolifera a queda inevitável e uma ave fabulosa voa sobre a escritora desnudada; sempre buscou ser outra diferente dos seus heróis, lembra-se de que a escritura rouba da mão que a anota. Escreve que ao sonhar habita bordéis; que nasceu em uma casa de putas onde só há mujeres; onde os hombres son paisagens, lê livros que só reflem o brasil, e sua economia e arte inesperadas.
Também pensa coisas claras: dívidas (agonizantes); viagens a pagar faturadas em um cartão de crédito que não a pertence, outras dívidas (crônicas, menos agonizantes) e durante o instante em que escreve, dentro de um apartamento com cheiro de cigarro, bairro de San Telmo, resolve abandonar uma cachorra velha e caprichosa a quem dentro de meses lhe extirparão do útero um câncer do tamanho de um punho: -“ahá a veces fist-fucking en el hogar-burdel de las chicas; todo es más previsible que el falo, amigos”. Y cierra la puerta, caminha pela plaza del mayo com vestes luxuosas que também não a pertencem. Nota mental de uma mente decaída: Também agora, leitores, o assunto referido exige um Sherlock e seu Watson enamorado, e todo um caballo que ande solto por las pampas, ou pelas ruas de Belleville e do Gótico.
* trecho extraído da novela: Nunca Aperte o Gatilho (Juliana Frank)
* fotos: Insua
* * *
Juliana Frank é colunista da Playboy, pole dancer, roteirista e escritora Mais aqui: www.julianafrank.com