Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

6 poemas de Carlos Orfeu

$
0
0
Ilustração: Evreniz



escrevo mordendo-me
como o cão morde
o próprio rabo

no sexo vascular 
dos verbos na
pele-página

a linguagem
é meu abismo
onde construo

meu retrato anti-
real e aconteço

*

o poema
germina 
na ferida

resina 

de suor 
e sangue

resoluto 

fala num
rigor de faca

encarnado é

gama de pluma
aberta no outro

*

de gesso
a cruel
beleza

híbrida
estrutura
tátil

pelos
olhos 
nas 
pontas
dos
dedos

o  congênito
grito
do 
gesso

atado
no
vazio
vivo
por
um
fio
de
silêncio 




Ilustração: Evreniz
Vincent
mastiga 

tanto o

poente

da me-

lancolia 

que da

flama 

laranja 


brotam 

atemporais 
girassóis 




abre-se o velho
olho da casa

rangendo tempo
nos alicerces

violados pelo vento
gatuno que salta

para dentro do espaço
dissipando

os ossos ante-

passados

*

essa falta que flagela
o sono 

é sede que se sorve

e nos condena 

ao duro desejo
de sofrer o deserto 

e o inatingível 

tato


Carlos Orfeu: Nasceu em Queimados. É devoto das artes, sobretudo, da literatura e  poesia. Publica em blogs pessoais, revistas e blogs literários. O poeta lançará, em breve,o  seu livro Invisíveis Cotidianos pela editora Literacidade.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

Trending Articles