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Ilustração: Evreniz |
escrevo mordendo-me
como o cão morde
o próprio rabo
no sexo vascular
dos verbos na
pele-página
a linguagem
é meu abismo
onde construo
meu retrato anti-
real e aconteço
*
o poema
germina
na ferida
resina
de suor
e sangue
resoluto
fala num
rigor de faca
encarnado é
gama de pluma
aberta no outro
germina
na ferida
resina
de suor
e sangue
resoluto
fala num
rigor de faca
encarnado é
gama de pluma
aberta no outro
*
de gesso
a cruel
beleza
beleza
híbrida
estrutura
estrutura
tátil
pelos
olhos
nas
pontas
dos
dedos
o congênito
grito
o congênito
grito
do
gesso
atado
no
vazio
vivo
por
um
fio
de
silêncio
atado
no
vazio
vivo
por
um
fio
de
silêncio
mastiga
tanto o
poente
da me-
lancolia
que da
flama
laranja
brotam
atemporais
tanto o
poente
da me-
lancolia
que da
flama
laranja
brotam
atemporais
girassóis
abre-se o velho
olho da casa
rangendo tempo
nos alicerces
violados pelo vento
gatuno que salta
para dentro do espaço
dissipando
os ossos ante-
passados
*
essa falta que flagela
o sono
é sede que se sorve
e nos condena
ao duro desejo
de sofrer o deserto
e o inatingível
tato
o sono
é sede que se sorve
e nos condena
ao duro desejo
de sofrer o deserto
e o inatingível
tato
Carlos Orfeu: Nasceu em Queimados. É devoto das artes, sobretudo, da literatura e poesia. Publica em blogs pessoais, revistas e blogs literários. O poeta lançará, em breve,o seu livro Invisíveis Cotidianos pela editora Literacidade.