Amo absurdamente
O chão sobre a casa
O telhado dos dias escassos
Enterrado a sete palmos
Rasos.
Quando encero meus olhos
Ainda ouço passos.
Os fantasmas agora me amam
Também absurdamente.
E me chamam.
E me chamo sarcasmo.
crise hídrica:
seco
o corpo
o copo
o vento
o medo
a rua
o alento.
secura de não dar enredo
de não poder poesia
de não saber candura.
seco
feito placa dura
de cimento num esquecimento
de séculos.
seco, e nossos dedos
rígidos de pecado e dádivas.
* * *
Lázara Papandrea nasceu em Pouso Alegre MG, vive atualmente em Juiz de Fora. Formada em História e pós graduada em Teoria Literária. Publicou em 2016 pela Penalux o livro de poesia "Tudo é Beija - Flor ". Escreve no blog www.vestesdepalavras.blogspot.com