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Ilustração; Hanna |
Queres produzir beleza ?
Vice
Versa...
O estômago é quase autônomo...e não me venha dizer que um autor sem ética não consegue muitas peripécias apertando o pescoço da estética, sensibilidade parece um jogo, as regras só funcionam para os robôs do meio de campo...
ROBÔ VEM DO TCHECO
e
quer
justamente
dizer...
TRABALHO FORÇADO!
Na noite anterior as frutas estavam dentro de enormes circunferências de chuva, mesmo as vozes, eram apenas milímetros de raciocínio sem pena!
A linha reta adormecida é uma vitória...as toneladas acham graça! Todos os meus fracassos escolares, inclusive o majestoso ingresso numa universidade, tudo, absolutamente tudo, tudo foi obra do acaso, não bastassem os lirismos cronológicos, também o meu coração nunca foi lá de grandes diálogos pavimentados.
Fiz isso no escuro... juro,escrevi apenas lembrando como eu havia aprendido no jardim de infância, quando a professora Irene, coitada, infeliz no casamento, socava as nossas cabeças naquele lúgubre quadro negro, dizendo que aqueles desenhos eram as letras do nosso alfabeto, hoje pensando nisso, acho uma diversão, brinco de escrever em pleno escuro para ver o que eu desenho com as palavras,sim, experimente esse jogo mágico, se não sair uma grande poesia, pelo menos você tem o desenho inédito nas mãos, do desenho surgem imagens que você nobre poeta, poderá utilizar escrevendo o enredo que acabou de nascer na tua frente! Viu como nada é loucura quando você resolve brincar de vez em quando? Nenhuma criança é louca, ela apenas vê o que você adulto apenas despreza, afinal existe a pressa...e a rapidez anda com as pernas da truculência, quase tudo que eu falo eu escrevo com essas características, não me sobrou tempo para aprender um outro caminho, não houve parede para que eu desenhasse as minhas primeiras impressões quando apareci por aqui cheirando esse mundo.
ENTÃO A CADA RESPIRAÇÃO DEVERIA NASCER UMA PALAVRA
Três horas da manhã despertei com um nó na garganta, fui beber água, mas não era sede o problema... sonolento não percebi os lábios salgados...a comida engana muita coisa... menos a angústia, fato !
Outros dias vieram,outros cadernos foram preenchidos... datas, agendas,compromissos,
reuniões...sumiços!
"O seu livro é muito bom...você sabe arquitetar como uma aranha venenosa toda e qualquer vírgula que se apresente como silêncio, mas noto um problema na sua escrita, a sua nitidez parece não humana, algo como uma pedra gigantesca atrapalhando o diálogo com a realidade Brasileira, creia-me, não é um livro para os jovens...os adultos são complicados demais, ninguém está a fim de mergulhar nessa tua piscina sem água ! Escreva sobre um vampiro sexy, coloque mais sexo em sua narrativa, não é de sacanagem que estou falando... é de sensualidade, mulheres gostam disso, aposto que você tem esse coelho guardado em sua cartola, não é possível tanta imaginação aglomerada em uma só pessoa... e você me enviar apenas isso... DELÍRIO! Faça-me o favor de cair fora daqui, não suporto pessoas tristes, deixei de publicar poesia justamente por esse motivo...agora apanhe seus originais e dê o fora ! Só me apareça aqui com uma TREMENDA NOVELA BRASILEIRA"
Que jogo interessante de futebol eu estava assistindo pela televisão, o árbitro da partida era cego...outras vezes mal intencionado, havia dois zagueiros estúpidos no time adversário, que volta e meia cuspiam nos habilidosos atacantes, isso quando não enterravam os dedos nos ânus daqueles garotos tatuados, possivelmente oriundos das classes mais humildes do país... o narrador da emissora de televisão era um débil mental absoluto, digo isso porque ele era além de mal intencionado, um CEGO! O atacante driblou um daqueles zagueiros, mas na cobertura surgiu o outro criminoso que sem elegância alguma trombou com o veloz atacante...e então uma de suas pernas calçando uma chuteira hedionda acabou por acertar intencionalmente os colhões do garoto, que caiu ao chão se contorcendo de dores...foi aí que o tal narrador a mando de alguma reunião de pauta disse para nós, milhões de telespectadores, que naquela trombada o pé do estúpido zagueiro havia acertado sem querer o estômago do veloz atacante...e que aquilo doía muito, por experiência própria...SIC!
Sangue e muito sexo...sexo com muito sangue ! Palavrão pra porra, ora vai te foder era o bom dia de cada personagem, nada de tocar nas partes, o negócio de cada personagem era chupar pica & chupar boceta...e se desse vontade você poderia meter bala à vontade, foda-se você também, ora porra! Onde já se viu uma novela policial sem baderna explícita? Depois o passo seguinte era esfolar o próprio pai e a própria mãe, porra de gente careta que não merece viver em paz, então balde de gasolina neles e risca-se um fósforo, pronto! O amor era apenas um detalhe sujo e sórdido, coma-se também todas as irmãs de sangue, as tias velhas, as cabras, as galinhas no quintal...
Agora eu me encontro aqui...em terras estrangeiras recebendo a hóstia da primeira comunhão...as mãos geniais e trêmulas ainda me serviram uma taça espetacular de um vinho que jamais esquecerei em minha vida de construtor de imaginários...aprendi com ele a falar assim...VIVA OS EQUINÓCIOS !
Gigio Ferreira nasceu em 22 de junho de 1967 no Bairro da Pedreira em Belém do Pará. Estudou Letras na UFPª. Participou do Movimento Cultural Dadalúvio da UFPª. Do Projeto Cultural Poetas Paraenses - Versos no Ar, da Rádio Cultura do Pará (FUNTELPA, 2005-6 e 2015 ); Prefaciou o livro Infância Retorcida do poeta paraense Airton Souza (Giostri, 2012); Colaborou com a Revista PI 2 do editor e agitador cultural Luiz Carlos Barata Cichetto (2012-3). Participou das antologias Vinagre: uma antologia de poetas neo-barrocos (2ª ed; 2013), organizado pelo poeta Fabiano Calixto;.Em 2013, Gigio Ferreira lança O gringo da Matinta, livro de dramaturgia infanto-juvenil em parceria com a escritora paraense Miriam Hanna Daher; A-Massa Barata, livro de poesia em parceria com a ativista cultural Joanna Franko, publicado pela Barata Artesanal, 2014. E ainda, o livro de contos Chibé de Cobra & Multicabaré (Giostri, 2014). Gigio Ferreira é também poeta performático, e participou em 2014 do show Nuit do cantor e compositor Sérgio Leite; da 7ª ed. do Programa Cultural A Noite é uma Palavra, promovido pela Fundação Cultural do Pará Trancredo Neves, 2015. E do Show Iluminuras do cantor e compositor Heraldo Goez (2016). Participou da Revista Pausa on line (São Paulo). Em 2015 lança o seu 2º livro de contos Conversas com Mulheres Nuas pela Giostri., em 2016 o livro de poesia O Palhaço de Arame Farpado, pela editora Penalux, São Paulo.
Contato com o autor : gigioferreir@hotmail.com