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4 poemas de Karine Kelly Pereira

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Ilustração: Patricia Bigarelli


Verbo transitivo direto

Como dançam os cavalos
estendo o corpo à direita feito colar rasgo o dia
reunindo trêmulos espaços

eu estendo em vertical o meu braço
o cotovelo,
o antebraço,
o pulso e os dedos no ar
como quem busca e atira uma flecha.

***

XII

Caminho pelas ruas pedindo licença por ser mulher
Caminho pela casa da mãe pedindo licença por ser triste
Caminho entre os amigos pedindo licença por ser criança
Caminho entre os amores pedindo desculpa por ser simples
E no arrebol, quando o coração em claroescuro desdobra e acelera em trottoir
Coloco meu casaco ocre, busco
na noite
pés pra caminhar.

***

A Palavra

A palavra se cala
nos teus pés senis que giram sobre o anil;
Em farra a palavra forra e se forma,
Entorna
feito
verme,

na derme.

***


Eu digo ovo.
Trava-me a língua
a poesia,
assim tão crua. 
Repito voo, 
e digo ovo.






Karine Kelly Pereiraé artista e pesquisadora do corpo em dança e poesia.  Terapeuta corporal formada em massagem ancestral tailandesa pela International Training MassageSchool – ITM.  Publicou  Anotações sobre o azul (Editora Patuá, 2016.).



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