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CLEPSIDRA
Gotas caem
cadenciadas...
Lanças certeiras
e agudíssimas
vão cravando
o tempo e a solidão...
Uma sombra
vagando a bombordo
contempla o porão...
Nosso múnus
em prostração
desbota e definha
na pulsação daninha
que nunca se esgota...
Rota-gólgota...
Retransfiguração
quota a quota...
g o t a
a
g
o
t
a
.
.
.
Mesa rendida
MesA
Mesa aseM
Redonda adnodeR
Mesa redonda adnodeR aseM
Mesma mesa redonda adnodeR aseM amseM
Mesmíssima mesa redonda adnodeR aseM amissímseM
Mesma mesa redonda adnodeR aseM amseM
Mesa redonda adnodeR aseM
Redonda adnodeR
Mesa aseM
AméM
PARCELA
1.
no azul do poema
a luz da canção
agora um clarão
antes tão pequena
não mais quarentena
que se encastela
agora eu e ela
no leme do dia
rumo à escadaria
cantando parcela...
no azul do poema
a luz da canção
agora um clarão
antes tão pequena
não mais quarentena
que se encastela
agora eu e ela
no leme do dia
rumo à escadaria
cantando parcela...
2.
assim, infinito
nessa plenitude
meus pés, amiúde,
procuram o grito
perpassam o mito
ardente aquarela
aurora e estrela
que já predestinam
sazões que sublimam
à luz da parcela...
assim, infinito
nessa plenitude
meus pés, amiúde,
procuram o grito
perpassam o mito
ardente aquarela
aurora e estrela
que já predestinam
sazões que sublimam
à luz da parcela...
3.
oh tempo-verdade
gravando o eterno
já não mais hiberno
a outra metade
oh fertilidade
que tudo revela
com justa cautela
quero ressurgir
para refletir
cantando parcela...
oh tempo-verdade
gravando o eterno
já não mais hiberno
a outra metade
oh fertilidade
que tudo revela
com justa cautela
quero ressurgir
para refletir
cantando parcela...
4.
no bico do corvo
deixei o meu múnus
e os importunos
punhais do estorvo
agora não sorvo
profana querela
há porta, há cancela
colunas, mansão
adeus solidão
no tom da parcela!
no bico do corvo
deixei o meu múnus
e os importunos
punhais do estorvo
agora não sorvo
profana querela
há porta, há cancela
colunas, mansão
adeus solidão
no tom da parcela!
5.
permanentemente
honrarei o rito
quesito a quesito
manhã, sol-poente
se dente é por dente
ardente é aquela
retina que zela
o perfeito instinto
no áureo recinto
do canto-parcela!
permanentemente
honrarei o rito
quesito a quesito
manhã, sol-poente
se dente é por dente
ardente é aquela
retina que zela
o perfeito instinto
no áureo recinto
do canto-parcela!
GLOBO DA VIDA
o mundO é um glObo...
ou um jogO Online.
nele, estamOs tOdOs
ou um jogO Online.
nele, estamOs tOdOs
- ao vivo - em vAiVéNs...
e hoje tem espetáculo?
‒ tem, sim senhor! É preciso girar.
e amanhã? ‒ o trem já passou...
e hoje tem espetáculo?
‒ tem, sim senhor! É preciso girar.
e amanhã? ‒ o trem já passou...
e depois de amanhã?
‒ não tem mais roda para se brincar.
o script e a vida
o script e a vida
hão de continuar;
não se pode cessar
de buscar a saída...
de buscar a saída...
o real pode disparar
e rOdar... abrir o jOgO...
ou abrir fogo
num abrir e fechar
de OlhOs...
o mundO não vai reparar a espera
porventura
com uma ex-fera.
a terra é uma esfera,
o tempo não tem jogo
de cintura.
faz jogo de empurra
em pura aventura
às vezes se esturra
e joga à vera.
o vento do mundo
quer tudo assanhar...
entretanto o show
não pode parar
nem por um segundo.
e o sonho
ah, o sonho há de continuar...
a Sonhar... a Sonhar... a Sonhar!...
Ilustrações: Pedro Barreiros para "Clepsydia" de Camilo Pessanha
ah, o sonho há de continuar...
a Sonhar... a Sonhar... a Sonhar!...
Ilustrações: Pedro Barreiros para "Clepsydia" de Camilo Pessanha
RUBENIO MARCELO é poeta, membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. É autor de dez livros publicados e dois CDs, e sua obra mais recente é o livro de poemas ‘Veleiros da Essência’. Também revisor, palestrante e advogado, reside em Campo Grande/MS.