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Ilustração: Gilad Benari |
desde que cheguei
um cão me segue
um cão me segue
&
mesmo que haja quilômetros
mesmo que haja obstáculos
mesmo que haja obstáculos
entre nós
sinto seu hálito quente
no meu pescoço.
no meu pescoço.
desde que cheguei
um cão me segue
um cão me segue
&
não me deixa
frequentar os lugares badalados
frequentar os lugares badalados
não me deixa
usar um dialeto diferente do que há aqui
guardei minhas gírias no fundo da mala
usar um dialeto diferente do que há aqui
guardei minhas gírias no fundo da mala
ele rosna.
desde que cheguei
um cão me segue
um cão me segue
&
esse cão, eu apelidei de
imigração.
imigração.
andança
quando você disse
reparar e detalhou
perfeitamente
o meu andar:
pernas esticadas &
mãos na cintura
o corpo branco,
o som dos passos
ecoando pelo nosso quarto até
parar a centímetros do seu rosto
eu só escutei o seu
amor.
*
quando penso em você
penso em
raposa.
seus olhos verdes
fixados em mim
eu digo: raposa, e
estico meu braço
para te alcançar
enquanto você me ronda
criando círculos pelo chão.
quando penso em você
penso em
raposa.
eu repito: raposa.
quando penso em nós
penso em mim
tão presa.
penso em
raposa.
seus olhos verdes
fixados em mim
eu digo: raposa, e
estico meu braço
para te alcançar
enquanto você me ronda
criando círculos pelo chão.
quando penso em você
penso em
raposa.
eu repito: raposa.
quando penso em nós
penso em mim
tão presa.
Lubi Prates: nasceu em 86, em São Paulo. Estudante de Psicologia. Tem publicado o livro coração na boca (Editora Multifoco, 2012) e algumas participações em revistas e antologias literárias nacionais e internacionais. Escreve no blog coração na boca. Edita a Parênteses, revista literária virtual, e traduz. Vive em Curitiba.