Me Caule
vai!
vai!
me caule
devagar
com cem galáxias de aço inox
suportando meio corpo
em feitio de bengala
me caule
devagar
com cem galáxias de aço inox
suportando meio corpo
em feitio de bengala
ou osso
fora da pele
muletas de engorda
cadeira cativa
fora da pele
muletas de engorda
cadeira cativa
dos vícios o mais reles
esse seu tique
sem prazer
de balançar a pelves
é só metade do tesão
de nada serve
vem cá vem!
me caule
até o fundo
com ocos tentáculos
de trevas
percutidas
em vasilhames e manilhas
de esgoto
mas
eu imploro!
não se banhe
só se dilua
minguante
em multidões
e mares de morro
e
becos cinzas
e sobras de abismos
o embargo na garganta
sufocando
me enfia
o gargalo
com marcas de batom
guaraná da amazônia
ao invés de vinho
mas tudo bem!
vem
me caule
com seus delírios
e gargalhadas laranjas
que você usava
combinando
com as roupas
de ir à missa
aos domingos
ou pode ser também
nos tempos
imperativos
daqueles
velhos vozerios
de seu mãe
gritando
Pedrinho!
enquanto você
desmiolava
feito pão
as ratazanas
gordas e grávidas
que havia no seu quintal
pensa nelas
pensa nelas
e me caule
bem devagar
vai!
sem prazer
de balançar a pelves
é só metade do tesão
de nada serve
vem cá vem!
me caule
até o fundo
com ocos tentáculos
de trevas
percutidas
em vasilhames e manilhas
de esgoto
mas
eu imploro!
não se banhe
só se dilua
minguante
em multidões
e mares de morro
e
becos cinzas
e sobras de abismos
o embargo na garganta
sufocando
me enfia
o gargalo
com marcas de batom
guaraná da amazônia
ao invés de vinho
mas tudo bem!
vem
me caule
com seus delírios
e gargalhadas laranjas
que você usava
combinando
com as roupas
de ir à missa
aos domingos
ou pode ser também
nos tempos
imperativos
daqueles
velhos vozerios
de seu mãe
gritando
Pedrinho!
enquanto você
desmiolava
feito pão
as ratazanas
gordas e grávidas
que havia no seu quintal
pensa nelas
pensa nelas
e me caule
bem devagar
vai!
(in Sossego Abutre– Editora Patuá, 2015)
Oralização do poema ME CAULE
Poema e Voz - Marcus Groza
Montagem e Sonoplastia – Rodrigo Roman