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Ilustração: Darius Klimczak |
Só... vale-se análise
só duas sessões por semana:
uma para rebater as opiniões teóricas
outra para não praticar padrões.
só duas horas por sessão:
uma de regressão
outra de regra e ação...
aquela para desaprender a ser gênio
esta para desembarcar da constelação.
só duas surpresas por hora
|duas raízes| um problema
cinco dias sem cismas adiadas
vinte sentidos sem refúgios
quiçá mil dependências...
em trinta e poucos anos
foi entendido
uma vez única
só.
e de vez
partiu
partiu
só
levando a análise
na valise...
Divagações e autodefesa do instinto
graças ao cruel destino
dos desejos
ocultos em pomposos véus
o delírio dominador das aparências
perde-se em seus estribilhos
fora dos brilhos...
lúcidas ações
não somente advertem alucinações
sob o miserável tapete
das divindades
de inverdades...
a caricatura do ilusório
não resiste eternamente
[pois é de ante-espelhos
que se nutre...]
do aniquilamento
o outro
- o crédulo instinto -
liberta-se do inestético
desmaterializa-se
e devora o abutre...
paralelamente
em coléricos ornatos
desunindo-se da cicuta
a cauda açoita a serpente.
Na ponte pênsil do inconsciente
Frenéticas ideias,
decifrando nuvens no azul do instante,
desenham com ênfase e êxtase
o sentido das múltiplas sombras
nas águas tristes do camaleônico rio
e vasculham
as entranhas
de estranhas sensações...
enquanto o oceano mastiga o sal
inato de suas aventuras,
um grito intraduzível
demarca
o palco da fúria dos ventos
e o reflexo dourado dos girassóis
decifrando nuvens no azul do instante,
desenham com ênfase e êxtase
o sentido das múltiplas sombras
nas águas tristes do camaleônico rio
e vasculham
as entranhas
de estranhas sensações...
enquanto o oceano mastiga o sal
inato de suas aventuras,
um grito intraduzível
demarca
o palco da fúria dos ventos
e o reflexo dourado dos girassóis
em capítulos instintivos
de fecundação...
olhares tingidos num misto de fogo
e solidão
perdem-se nos labirintos
das paisagens entre/laçadas e consumidas
nos parapeitos das plúmbeas horas...
os fragmentos dos sóis coloquiais
descem a impura ladeira
do tempo em ímpeto
levando verdes ramos de sonhos
para o lugar-comum
das ilusões...
olhares tingidos num misto de fogo
e solidão
perdem-se nos labirintos
das paisagens entre/laçadas e consumidas
nos parapeitos das plúmbeas horas...
os fragmentos dos sóis coloquiais
descem a impura ladeira
do tempo em ímpeto
levando verdes ramos de sonhos
para o lugar-comum
das ilusões...
Do fenótipo entre o mundo e o sonho
Se não fosse num sonho
Se não fosse num sonho
seria um tipo
do qual
dificilmente o mundo poderia lhe sorrir
não prometia
a fórmula do sol da terra prometida
nem paria afeto
entrincheirado em ímpetos
a média que conhecia
era servida na xícara
tipo estéril a protocolo e a idolatrizações,
sem esteriótipo a tiracolo
e jamais desesperançado
ah... se não fosse num sonho
só seria razão
se não fosse no mundo...
Rubenio Marcelo é poeta/escritor e advogado, membro efetivo da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras, da qual é o atual secretário-geral. É filiado à União Brasileira dos Escritores (UBE-MS). É autor de 10 livros publicados e dois CDs, sendo sua obra mais recente o livro de poemas “Veleiros da Essência”. Também revisor e palestrante, participou, como convidado, da Bienal Internacional de Poesia (BIP - Brasília/DF), da Feira Literária Internacional de Tocantins (FLIT) e, recentemente, da FLIB (Feira Literária de Bonito/MS). É membro correspondente da Academia Mato-Grossense de Letras e da Academia Lavrense de Letras. Reside em Campo Grande/MS.