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Odisseu e as sereias. Vaso de cerca de 480-470 a.C., Museu Britânico |
fere Nibe
(quase lá, em ioruba - traduzido literalmente)
Insânia insone
corrompe o rompante
da noite impune
que abre em mim
a cada vaso estourado
de poesia sanguínea
eu varo as veias
do chão com versos
que nunca terminarei
eu me olimpo no quase
uma vez fui inteiro
não deu para poesia
sou nos fragmentos
só aconteço entremeio
fazendo eus no lamaçal
da língua que entorto.
Efemeraridade absorta:
enquanto escrevo
a palavra me escarpa.
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Oswaldo Goeldi - xilogravura. |
“eu de mal em mal protegi-me de louvores”
Yi Sang
desfibrilhando escuros
revivo o peito da noite
que há em nossa
há vida pelos esquerdos
daqui em oco vão sou
abismo solto mordendo
mortes gozos luzes
:me sinto vivo acontecendo açoites
que trazem gostos ilustres
dores cantadas abusos
rasgos rudes
me sinto vivou aspirando assuntos
desfiando os dias restantes
do ano
morituro
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Salvador Dali - Moça de pé na janela. |
Sentado no parapeito sem janela
assobiando etcéteras fibrosos
me vi rua abandono sujeira
sujeito todo na despossessão de sins;
costurei eus nestes verbos
(aqui não há mais pronomes)
e parti turvo rumo à dúvida.
A sala permaneceu aziando presenças.
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Gato, por aldemir Martins. |
Fragmantos Gatíferos
As gatas que alguns frêmitos zastrás garguleavam sepucralmente a estatez algo pacata por agora agoram loucuras milhovárias arranhando céus carnes pelos partes canetas & textos simples prazeres fruição de vida com intensidade-língua-áspera.
Gatear deveria ser profissão regulamentada no entanto fico aqui com meus roucos pedaços mínimos de humamidade regu lamentando o jorro dessa misteriosa casta de vida ronronável.
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Magritte - A condição humana. |
diagramo
a janela do meu desejo
pra fora
do quadro
o intento
no quarto
às três & oito
esse jeito
peito afoito
pensando bem sendo
eu ou outro
palavra tendo
síncope poética
estética estésica
pr'além da esfera
poesia
tática tântrica tétrica
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Piet Mondrian - Árvores |
ele disse talvez
dançando com o azedo
trejeito cheiro de sarjeta
quando se viu antes
suando com ela
(assoando n'ela pensou)
já obliterado pelo golpe
cismando que o não mais
insiste em assistê-lo;
não há rua esgoto escopo
nessa cidade que não
que não verta
invista em treta
transdizendo-a nua
como n'aquela tarde
em que fomos algo
mais que memórias rotas
abarrotadas no inchaço
da carne trêmula
[orgastrágica
há mais poesia na
lembrança daquelas
fodas homéricas
que em toda ilíada.
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Breviographia:
samuel malentacchi marques, 30 anos, paulistano, dentre poucas-muitas coisas soul poeta; cometi três crimes de fazser poesia & o quarto está no p(r)elo; ei-los:
poemas nortunos/autofagia/minimáximas & miscelâminas, respectivamente
no maiscommenos: costumo existir também enquanto músico, baterista da banda chalk outlines & psicanalista;
e1/2: malentacchi.samuel@gmail.com