A PELE pluma prisma plasma
agasalha o corpo
imóvel habitado toque língua
arrepio
aveludado gosto
sal suor
– gozo.
A MÃO é muda, mas grita do polegar
ao mínimo.
A mão passa pega agarra
apalpa a carne tensa
a carne seca
molhada.
A mão os dedos a palma...
Movimentos que conversam
com os grandes
com os pequenos
lábios.
OS OLHOS janelas lírios
luz em repouso
pousam
na imensidão calorosa do corpo.
Estacionam nos pelos nas curvas nos montes
feito borboleta em flor.
As pupilas se dilatam se retraem
ditam o longe perto do perceptível
desejo
O NARIZ garimpa os cheiros extraídos
dos poros
orifícios
erógenos artifícios
movimentos sonoros.
Cheira estimula contrai alivia
hipnotiza os músculos.
O nariz conduz ao instinto primal:
insinuante silhueta no cio:
sabor invisível:
fera-hormônio corporal.
O OUVIDO ouvida orquestra o sussurro
o gemido
o murmúrio.
Atiça a quentura do sangue
latejando
o clitóris a glande.
O ouvido é prazerosamente poderoso
estimula o universo psicológico
poderosamente prazeroso.
A BOCA beija baba cospe chupa
morde
o cu
a boceta
o falo.
Enquanto conversa com o corpo
a boca
não fala.
Poemas: Cleyson Gomes
Ilustração: David Ribeiro
Cleyson Gomes (cor)rompeu a existência em 1982 no arcaico município de Campo Maior (PI), mas fixou raízes na provinciana Therezina (PI), onde habita desde os sete anos de idade. É autodidata e autodidático. Ziguezagueador de hipermetropia, timidez e claustrofobia. Iniciou as faculdades de História e Letras/português, abandonou ambas. Publicou os livros Poemas Cuaze Sobre Poezias (FCMC - 2011) e Aos Ossos do Ofício o Ócio (Penalux - 2014). Também é músico, letrista e compositor. Cultiva como bonsai o blog “saladapoeticalia.blogspot.com”. Admira a carência orgulhosa dos gatos e a tranquilidade dos jabutis. Adora fígado acebolado.
David Ribeiro (Teresina-PI, 1992), canceriano, artista plástico, fotógrafo, ilustrador, designer gráfico, músico. Iniciou a faculdade de Design, mas abandonou. Gosta de escrever contos e poemas. Atualmente, está enveredando pelo cinema, produzindo curtas-metragens. É fanático por lua cheia e aprecia o silêncio da madrugada.