alguns ossos se ajustam à página
a noite é um mundo estranho ele puxa você
uma história de tristeza te arremessa para fora da história
torna-se um substituto para a criança que você não tem
aquela que vive por trás da porta número três
alguns ossos se ajustam à página
e chacoalham seu caminho preto e branco
todas essas coisas perigosas feitas sobre a língua
arrancado de algum lugar do sem sentido
abandonar a ideia de escolher um sol feroz
entregar à chuva a frieza que se dissolve
deixar a manhã consertar seus olhos
a noite é um mundo estranho ele puxa você
uma história de tristeza te arremessa para fora da história
torna-se um substituto para a criança que você não tem
aquela que vive por trás da porta número três
alguns ossos se ajustam à página
e chacoalham seu caminho preto e branco
todas essas coisas perigosas feitas sobre a língua
arrancado de algum lugar do sem sentido
abandonar a ideia de escolher um sol feroz
entregar à chuva a frieza que se dissolve
deixar a manhã consertar seus olhos
um pequeno lapso na imperfeição
mito equilibra verdades mais escuras
como o clima suave de alguma tragédia grega
onde tudo retorna através da linguagem
cada história escrita diz respeito a você
um balanço dos verbos adjetivos na porta
fio de fatos vivos mensagens de texto
mito equilibra verdades mais escuras
como o clima suave de alguma tragédia grega
onde tudo retorna através da linguagem
cada história escrita diz respeito a você
um balanço dos verbos adjetivos na porta
fio de fatos vivos mensagens de texto
a sua própria história
há mais nomenclatura para vir
isto é o que acontece quando trapaceamos
você deve recitar listas aleatórias de contradições
aguentar horas e horas de perguntas
em salas de tradução triste
suas frases são simples
as peças pequenas de cada dia
este mapa se torna o sonho
ajuda você a se acostumar com a ideia de evolução
caixas de papelão cheias de ossos
todo esse caminhar com os pés descalços
no sentido de várias formas ou calor
há mais nomenclatura para vir
isto é o que acontece quando trapaceamos
você deve recitar listas aleatórias de contradições
aguentar horas e horas de perguntas
em salas de tradução triste
suas frases são simples
as peças pequenas de cada dia
este mapa se torna o sonho
ajuda você a se acostumar com a ideia de evolução
caixas de papelão cheias de ossos
todo esse caminhar com os pés descalços
no sentido de várias formas ou calor
uivos de alta potência
onde a luz reflete
onde os adjetivos são distribuídos
não há promessas
a desordem das coisas
é um arranjo lateral
botões grandes demais para os buracos
haverá uma chuva ocupando-os
nenhuma solução
até hoje
você era a criança
que provava neve no verão
ninguém pode te dizer o que é escuridão
a lua não sabe
o seu cheiro em algum lugar
uma besta se liberta de seu chicote de fios
abre seu saco de nomes
para amordaçar as palavras
que pretende colocar de volta
Imagens: arte com ossos, de Francois Robert.
* * *
Carioca de 1978, Juliana Hollanda atua na poesia desde 2005 (CEP 20.000, Ponte de Versos e etc). Além de fazer parte do trio de poetas "Madame Kaos" (com Beatriz Provasi e Marcela Gianini), também compõe a dupla "Ju & Juju" (com Justo D'Avila). Possui três livros publicados: "Acordei num Iceberg" (Ibis Libris, 2008), "Entre sem bater" (2010) e "Vertentes" (2012), os dois últimos, independentes, editados por Tavinho Paes para a coleção Heart.Action. Para 2015, prepara "Juju in the box" para a coleção e também "O céu, o inferno & Jackson Pollock" (Ibis Libris).