Esculturas de espumas
As gaivotas navegam
nas mãos do vento.
O mar espia.
nas mãos do vento.
O mar espia.
Nas ondas,
murmúrios de sonhos.
Palavras desfeitas
na areia.
murmúrios de sonhos.
Palavras desfeitas
na areia.
Em silêncio,
as nuvens insinuam
desenhos impermanentes
no azul.
as nuvens insinuam
desenhos impermanentes
no azul.
Na passarela do tempo,
o canto e o pranto
são esculturas
de espumas.
o canto e o pranto
são esculturas
de espumas.
*** ** ***
Poesia
A caneta ao lado
do abajour
espia o corpo branco
da folha.
do abajour
espia o corpo branco
da folha.
O colo pálido
espera o toque,
metáforas tatuadas
em letras azuis.
espera o toque,
metáforas tatuadas
em letras azuis.
A dança vertical
das palavras
cobre de poesia
a nudez do papel.
das palavras
cobre de poesia
a nudez do papel.
*** ** ***
Tsunami
O mar recua
como serpente
que ataca.
A praia nua
estende seu corpo
de areia.
como serpente
que ataca.
A praia nua
estende seu corpo
de areia.
Exaltado,
o gigante líquido
retorna.
Derruba as nuvens,
toma o continente.
Varre casas, ruas,
flores, vidas
e sonhos.
o gigante líquido
retorna.
Derruba as nuvens,
toma o continente.
Varre casas, ruas,
flores, vidas
e sonhos.
Criança rebelde
espia os brinquedos
quebrados.
Adormece suas águas;
é fera saciada.
espia os brinquedos
quebrados.
Adormece suas águas;
é fera saciada.
*** ** ***
Silêncio
Quando nos
recolhemos
em silêncio,
algo fala
dentro de nós.
recolhemos
em silêncio,
algo fala
dentro de nós.
Ouvir a própria
quietude,
é ouvir a voz
do universo
que somos.
quietude,
é ouvir a voz
do universo
que somos.
*** ** ***
Sem Poesia
Ando quieto
de poesia.
de poesia.
Com que poeta
estará
minha volúvel
inspiração?
estará
minha volúvel
inspiração?
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Poemas extraídos de Escultura de espumas. São Paulo: ABR, 2014.