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| Ilustyração: Angelika |
Acordes
Uma palavra,
um verso
que se desenham no papel
convocam outras palavras,
outros versos.
Os primeiros acordes bastam
para libertar do cativeiro.
Mercúrio sabe tocar as notas
que fazem baixar
as cem pálpebras de Argos.
Monge Depois do mar, uma concha e da própria sombra a companhia no caminho de volta. E na torre, acima das nuvens, o murmúrio do mar aprisionado na concha - palavras de bolhas de sangue dos afogados, canção do silêncio das horas. Na torre, acima das nuvens, o tartamudeio da oração - boca de maresia. Herança Procurar na sombra do que foi dito a outra metade; na sombra do silêncio o que não foi dito por inteiro. No que falta, pela metade ou inteiro, o morto deixa o enigma indecifrável da trilha de um tesouro perdido. Eis a grande herança - procurar a vida inteira metade da palavra, palavra inteira.  Maurício de Macedo é alagoano de Maceió, onde reside. É formado em Medicina e trabalha como auditor do Ministério do Trabalho. Tem vários livros de poesia publicados, os mais recentes pela editora 7Letras, do Rio de Janeiro. |
