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Ilustração: Kevin/deviantART |
se eu deixar essa geladeira branca
aqui no meio do deserto
e afastar o zoom
aqui no meio do deserto
e afastar o zoom
deixando um ponto branco
frio e longe
frio e longe
a te incomodar
e te cutucar
e te cutucar
a te nausear e se destacar
na imensidão líquida
do nada
na imensidão líquida
do nada
você vai se perguntar
mas que diabos
e porra
mas que diabos
e porra
é essa?
o estranhamento é o centro
daquilo que te joga à margem
e te obriga a se olhar
daquilo que te joga à margem
e te obriga a se olhar
se reparar
diante do vazio
inaugural de um mundo
que áspera, delicada
e invariavelmente
cresce
diante do vazio
inaugural de um mundo
que áspera, delicada
e invariavelmente
cresce
deslocado
: de repente
essa geladeira
seja apenas a solidão
essa geladeira
seja apenas a solidão
te implorando
uma palavra
uma palavra
(um
ovo)
ovo)
um lugar de existir sem amarras
Willian Delarte é autor dos livros Sentimento do Fim do Mundo (poesia, 2011) e Cravos da Noite (contos, 2014), ambos pela Editora Patuá (SP). Premiado no II e III Festival de Literatura da Faculdade de Letras (FFLCH) e finalista da 15ª edição do “Projeto Nascente”, todos da USP. Tem publicações em diversas revistas e antologias. Foi co-editor da revista Rebosteio Digital.