LIBECCIO
Fístulas competidoras da estação ferroviária a tatuarem os iscos dos catálogos-bestiários: fecundidades dos comboios-de-luzes-polarizadas, os caçadores de laranjas-insufláveis-das-relojoarias exercitam as óperas das premonições, urgência das estufas submarinas que afortunam os segundos-charcos das nossas confidências: as conciliações dos fluxos transitórios desembaraçam o acendimento das foices-dos-dilúvios interrompidas/amamentadas sobre as infinitas enfermidades das residências (simulações das escápulas bravias até à vida da vida_____enumerar desmedidas incisões dos planaltos como a exaustão progressiva dos utensílios): as cerejas das válvulas empurram as informações intermitentes do ar até ao desmanche das traqueias-dos-silêncios (ferro eruptivo nas pontuações ocasionais dos subúrbios zoológicos): a cavalgada confiante dos dedos das tecedeiras eleva-se na breve luz das árvores-prismáticas_____a ordem dos golpes inteligentes incendeia os gritos das carpideiras entre os enxames-das-embocaduras-em-prestidigitação:
os textos da atracção dos insectos infiltram-se numa encruzilhada anatómica de luminosidades (bailarina uterina de IMHOTEP), as breves conveniências dos pedais da adivinhação sufocam as redes dos mapas nas polpas da gravidade, os regaços resplandecentes das lajes pronunciam as profusões dos criadores-POLISSÍLABOS e os pontos cardeais denunciam os ferrolhos graníticos na ressuscitação das escadarias das metamorfoses, ABISMÁTICAS jubas nos órgãos baptismais da claridade (vendedores de espelhos e de medronhos segredam as respirações dos insectos): um enxame argiloso-impenetrável corre para o EXILIUM da verticalidade da vidraça onde as coberturas dos aerólitos recebem os vestígios espasmódicos dos dialectos-dos-lances-das-ruas, as fragatas-artérias soletram as células das catástrofes, a cabeceira vibrante do fruto-das-escarpas estende-se nas janelas-das-imprevisibilidades: jazz da cegueira da translacção dos diafragmas-jardinais, Alan Davie nas corporalidades sígnicas das tribos (mandrágoras antropomórficas a permutarem os pilares das incinerações do paisagismo): indesvendáveis cineastas a reencontrarem as fracções-dos-cristais num campo de lavas incestuosas e os arroios alucinados insistem na fidelidade cósmica-das-borboletas procurando as nesgas inconscientes das vulvas: bocas delinquentes a envenenarem-se nas aspirações das molduras dos astros: um elevador de substâncias-menstruais está debruçado na tracção triunfante das casas-das-vertigens-centrípetas: (sopranos esotéricos a aglutinarem as estirpes divinatórias: composições arborícolas a fosforescerem nos hiatos dos dicionários onomásticos: esta louca estatuária das transferências dos iluminadores de calamidades)
as ressacas das peregrinações fecham o glossário das bússolas e os espelhos-dos-pastos são tacteados pela seiva das garatujas dos caixeiros-viajantes (hibernação dos anfiteatros onde rebentam os périplos-LENDÁRIOS-da-fecundidade: chaminés de areia a levitarem entre rosas-génesis): as travessias das alucinações de Max Ernst infiltram-se nas esquadrinhaduras persistentes das ressacas (salivas cíclicas dos répteis) e os defensores do revestimento-dos-ecos-solares escorregam nas falas dos arquipélagos como modulações imperceptíveis, as penugens finalistas das abóboras contrabandeiam o arqueamento atmosférico das aves sem reino: os somatórios dos batimentos da Rapina, do seu pedestal, revelam as aflorações soporíferas do abismo e as descendências dos caminheiros das colheitas-dos-protoplasmas: santuário dos voos relampagueantes: com a sabedoria das línguas-das-montanhas Han Shan assobia na elaboração mais interior do vento que trespassa os candelabros das jangadas-dos-GIGANTESCOS-acenos: perscrutações dos vocábulos posteriores das cabotagens, as medulas insubstituíveis do esplendor de Matsuo Bashô herdam os latejos dissipadores das rochas prenhes de interstícios das cigarras (eis…o início das distorções do lastro solar)
Encontrar as fossilizações dos ofícios no interior das galerias das cobras-em-transmutação: o salto do corpo-dos-portos convoca os incêndios ancorados nos códices de outras criaturas-diamantes: cilada-centelha nas acelerações dos telheiros (termiteiras), as cadências dos brônquios abotoam as engenharias celulares da soletração meteorológica, as ramas-em-combustão-dos-leitores espalham as fendas dos projectores nas cisternas infatigáveis e os relâmpagos da pedra batem nas veias angulosas dos pórticos-das-ínsulas: ROLDANAS de bolor nas mãos fotográficas onde os bichos-da-seda se encortiçam azuladamente: a fervura ascende nos nervos dos estúdios vegetais, as manobras das espáduas oferecem-se ciclicamente à exegese dos batedores-de-câmaras-de-quartzo que defrontam o aleitamento da rotação do húmus: INCÊNDIO vertebral a consagrar o julgamento das metáforas na venosa cabeleira da paisagem e os flancos do arado relincham nas amarrações voluptuosas dos minérios:
os caroços das luzes masturbam-se demoradamente nas súplicas dos répteis como uma nervura da rosa antropofágica a estender-se na apoteose dos remos cegos e ocos, uma cratera de guilhotinas/trampolins vem das hesitações-da-fatalidade para desabotoar um pássaro-reflector na expressão mais íntima das vertentes e as mandíbulas dos túmulos-das-ondas amortecessem as bridas carregadas de abdómenes sobre as entranhas negras-sarnentas das ilha-tardias (rugas na alacridade dos capitólios): aterragens estridentes dos pulmões nas velocidades maternais e a planura solar escapa-se sobre a coagulação dos estames para enevoar sensorialmente os gumes oscilantes dos dedos e uma língua seguríssima é idealizada pelos inventários dos archeiros: mergulho do animal na trincheira inflamável das criptas: partilhar a envergadura do sacrifício nas iluminuras das cortinas-magnólias (batida obsessionante e incomensurável), uma minúscula comporta a estribar-se no cálice espasmódico da ameixa-do-cometa_____navegam portões de terra nas aprendizagens dos viajantes que escapam milagrosamente às litanias incessantes dos penhascosonde Sísifo transitacurvado pela rocha da repetição entre as sombras-dos-cataclismos de Tânatos: tudo é pesquisado nas hierarquias do terreiro azul-das-combustões, as lantejoulas instantâneas dos pássaros ambicionam explicar o desdobramento das campainhas-das-estacas: têmporas a envolverem-se nas rãs das lunações, centrífuga-energia-venosa sob um organismo regulador dos beiços solares, tecido análgico das crinas a amarrar-se ao aluimento do pólen-de-agulha, dardos das monarquias fracturados pelos respiradouros infinitamente sanguíneos de Hermann Nitsch.
as câmaras esfíngicas transbordam no auxílio das translações das faíscas-do-chão, o duelo é latente nas ramagens planetárias, a curva das lentes aquáticas afundam-se nas congeminações dasgigantescas harmónicas deVilla-Lobos: autópsias dos epicentros vegetais que emaranham obscuramente as estâncias dos nódulos-fósseis-tropicais: penitências glandulares desdobram as diástoles dos charcos: as simbologias invasoras balouçam nas atmosferas do dilúvio (morcegos-radiais nas transfigurações arquitectónicas), mandíbulas-das-cores sob os predadores das pulsações dos idiomas: um canto de ninhos-vertiginosos atinge a sentença-das-crisálidas entre as campânulas pantanosas da geografia e os casulos de Esparta, o vestíbulo dos caçadores de húmus multiplica-se no traçado-dos-simulacros: as ventilações das candeias cercam as sombras genitais da eternidade (estonteante medianeiro do esquecimento): vozes atribuídas às serenatas do estômago-relampagueante-brevíssimo dos touros: as vozes encarcerem-se na calamidade implantando vocações):
(brasas das memórias desorbitadas ou lanternas-das-plataformas em peregrinação) as agulhas das víboras-dos-lenhadores-nocturnos são adoradoras de inevitabilidades, luas de sôfregos queimados a escoarem-se nas ampolas de flanela-das-esquinas-outonais, hastes-das-sentinelas que empurram as gotas-dos-arrepios das parturientes sobre as bifurcações das frestas da obscuridade debruçada na circulação da linguagem: violenta montaria do corpo, na boca o gosto do ferro lembra sangue e lembra terra, o contrátil coração do mundo pulsa vazio, hemoglobinas de ar, lentamente no salitre das veias como andarilhos no deserto: lampadário da caminhada dos actores-de-ângulos que desdobram os torrões irresistíveis do fogo e o cheiro dos vestígios: a declinação dos séculos alimenta um instrumento de líquenes-viscerais de Gus Van Sant: cabeças-virilhas-faúlhas dos bichos a narrarem as sonoridades, as imperfeições tenebrosas, nevoeiros de Alain Resnais a incendiarem as pegadas subterrâneas do pomar-dos-ofícios (gravador trémulo dos olhares)
O morro inaudível dos bisontes plasma-se nas poças-da-penumbra e as ossadas-da-erva ligam-se ao alfabeto torcedor das ruminações das trevas, navegação doutro corpo-de-gritos-universais: Pieter Brueghel, êxtase a ressoar nos alimentos da mestiçagem das povoações, precipícios glaciares-vulcânicos a hipnotizarem as lavras-dos-olhares como bagos-fotográficos cinzelados pelas mulheres-corvinas: crispar as afluências das germinações-das-serpentes com as frestas das uvas das últimas embarcações ou das últimas lanceiras-dos-rios (ALAGARÇA-das parábolas) para transpor o predador da desova_____círculos do sinistro-silêncio-da-aranha-nocturna: cítara-de-espinhos-exaltados na revelação das fêmeas-intraduzíveis sobre as campânulas cavernosas das fronteiras: as conchas-devoradoras-de-espelhos desencadeiam uma seda primitiva-insondável sobre o estremeção dos insectos-das-jangadas: um lanho impresso nos derrames das candeias: as ovulações dos gritos interpretam os acessos dos rumores dos polvos-da-câmara-sanguínea_____escritas-de-gelo a ornamentarem as badanas das perfurações com os plasmas da fatalidade e num estendedouro de patologias surge o esgotamento-aberto-a-outros-diafragmas, a outras roupagens-do-suicídio que lavam/fragmentam os ensinamentos intemporais do chão (gumes a esboçarem berlindes na voragem metereológica): a fertilidade da pedra isola o andamento espiralado do veador de loucuras: delinear uma bandeira de reminiscências com a eloquência secular dos ombros das sombras e as assimetrias das cédulas do sangue infiltram-se nas rebentações-libidinais regenerando as catástrofes das caleiras astrais: ferraduras dos polvos a menstruarem a agilidade dos mapas-dos-leitores e as redes das colmeias-dos-arcos-da-ciscagem pululam assiduamente entre os pássaros reféns dos mágicos faróis-dos-rosais: as vibrações das incógnitas são perseguidas pelos ciclos das desgraças-das-estátuas-de-mariposas (travessias oxidadas pelas quilhas vertiginosas ou pela desolação dos epicentros do albatroz):
AREAL impenetrável: poros-espontâneos-dos-quadris-do-monstro-implicado-nas-escalas-ácidas-das-dunas-do-desassossego: os pomos dos calendários-das-sombras despenham-se na manifestação apaziguadora do linho-curativo deslocado pelas cantarias-das-meretrizes: desfocar os hábitos nómadas sobre as profecias embrionárias onde tombam as caudas resplandecentes da inconstância: cruzar os seios-exploradores-de-cassiopeias e as saias voláteis dos desastres alcançam-se entre os espelhos seminais: um penteado-de-raios-buscadores-de-tigres electrocuta a respiração envelhecida da espada que escorre consolidada na noctívaga curva da púbis-enevoada-de-imobilidades: a circulação-das-inflorescências desperta os ricochetes dos betumes-entreabertos-dos-naufragantes e as escarpas da vegetação são reminiscências das perspectivas das aves, o oxigénio orienta o espanto na sonoridade do gelo: reconhecimento da vibração das embocaduras a purificar o choque da linfa no incestuoso sol-dos-refúgios, cadernos de lumes impregnados nos fluxos dos cenários-dos-delírios: a inclinação avançada do dilúvio funda a metáfora-do-assombro no lustre da soberba fronteira das composições de Wagner, intrusos êmbolos dos aracnídeos. SARAIVADA dominadora dos pastos das faíscas e as deslocações das espécies escalpelizam os hinos-ceramistas da metempsicose
TEXTO do LIVRO KALAHARI
( OFÍCIO DAS PALAVRAS EDITORA e ESTÚDIO LITERÁRIO)
Imagem: Pintura de Maria Teresa Crawford Cabral
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Luis Serguilha: Poeta, Ensaísta. Autor de várias obras de poesia e ensaio. Participou em encontros internacionais de arte e literatura. Alguns dos seus livros: Embarcações (2004); A singradura do capinador (2005); Hangares do vendaval (2007); As processionárias (2008); Roberto Piva e Francisco dos Santos: na sacralidade do deserto, na autofagia idiomática-pictórica; no êxtase místico e na violent...a condição humana (2008); KORSO (2010); KOA’E (2011); Khamsin-Morteratsch( 2011); KALAHARI( 2013) estes seis últimos em edições brasileiras. Possui textos publicados em diversas revistas de literatura e arte. Seus textos foram traduzidos para várias línguas. Criador da estética do LAHARSISMO e responsável por uma colecção de poesia contemporânea brasileira na Editora Cosmorama. Pesquisador da Poesia Brasileira Actual. Foi um dos Curadores do Encontro Internacional de Literatura e Arte: Portuguesia. Curador do RAIAS-POÉTICAS: Afluentes IBERO-AFRO-AMERICANOS de ARTE e PENSAMENTO.