Tentação de plagiar MIRÓ, nosso poeta
de Muribeca para o Mundo em votação:
- EU ANDO TÃO ESQUECIDO DE MIM(em nós)
QUE ONTEM À NOITE/AO CHEGAR EM CASA/
COLOQUEI A ROUPA NA CAMA/ E FUI DORMIR
DENTRO DO GUARDA-ROUPA... ou da
urna eletrônica? Minúsculas nossas rotações.
Porque a lua não é menos materialista do que
a luta. E a famosa luta de classes pode não ser
mais dialética do que a luta dos corpos.
E a luta por votos?
Não me enganem. Nem se iludam.
Memes e mentes metropolitanas ficam surpresas
com os 50 aniversários de MAFALDA e do DEUS E
O DIABO NA TERRA DO SOL. Enquanto os XUCURUS
talvez invistam na messianicidade de MARINA.
Quem saberia? Precisamos raciocinar com os paradoxos
do reconhecimento e o conflito das afinidades ideológicas.
Intelectuais, que não professam a FÉ em Cristo e no
Brasil profundo, admitem a BÍBLIA enquanto uma das
obras primas da literatura universal. E nós outros?
Se nem toda lua luta por LULA, todo sol arde
sem terra nem tela nem tecla.
O amor de Lisbela pode ser mais guloso do que
o apetite dos seus prisioneiros.
Continuamos sem saber os mistérios do inteiro
ambiente tanto quanto os enigmas da politicidade.
Porém o núcleo duro do BLOCO DO NADA se orgulha
de Heitor Scalambrini enquanto usuário da energia solar.
Nossas dívidas pelos DESLOCAMENTOS vão para
Roberta Ramos Marques. Entre nós: demarcados
pela beleza pungente e dialógica reaproximando
Paulo Freire e Abelardo da Hora.
Recife, outubro 2014
Imagem: 3 Reis Magos para colorir e montar (Estrela não incluída)
* * *
Jomard Muniz de Britto nasceu na cidade do Recife em 8 de abril de 1937. Graduado e Licenciado em Filosofia pela Universidade do Recife, atual UFPE. Iniciou sua carreira profissional como professor de Filosofia em cursos secundários. Integrou a equipe inicial do Sistema Paulo Freire de Educação de Adultos, tendo sido aposentado pelo regime de 1964. Participou das movimentações tropicalistas no Nordeste. Manteve-se na UFPB até o AI-5. Na década de 70 somente conseguiu lecionar na Escola Superior de Relações Públicas, entidade privada. Coordenou treinamentos em comunicação e criatividade para empresas e instituições. Com a anistia em 1980 retorna às universidades federais da Paraíba e de Pernambuco. Nessa área fronteiriça entre prosa e poesia, a que se prefere denominar de poeticidade, editou os seguintes livros: "Inventário de um feudalismo cultural" (1979), em parceria com o artista plástico Sérgio Lemos; "Terceira aquarela do Brasil" (1982) com programação visual de Anacleto Elói; "Bordel brasilírico bordel" (1992) com ilustrações de Bernardo Dimenstein; "Arrecife do Desejo" (1994) e "Outros Orf’eus" (1995), com projeto gráfico e ilustrações de João Denys Araújo Leite; "Pop filosofia – o que é isto?" (1997), um livro em CD com textos declamados e musicados; "Atentados poéticos" (2002), a convite das edições Bagaço, uma coletânea de textos e bricolagens, com capa e arte-final de João Denys. Email.