os ambulatórios a receber, no que restam dos rostos, reticentes, os sorrisos enfraquecidos contra os prejuízos da última incursão em território hostil/ os soldados-monges, comandados por líderes santificados, vestem coletes de explosivos contra os próprios externos/ ao fim de cada batalha, são recolhidos aos hospitais do corpo, com o espírito sempre em guarda e aptos ao combate além da carne/ descansam os músculos e membros, mas treinam a guerra mais extrema em outro nível da alma/ é outro teatro de operações, interno, secreto, indevassável ao inimigo/ e ainda que o tenaz adversário esteja dentro de si mesmo, é nada além de uma única parcela humana ou persona non grata a ser revolucionada erro após erro após erro, como um seixo rolado é liso e sereno por sob as águas do rio mais violento (mas áspero como o sedimento presumidamente irremovível)/ uma vez recuperados, recolocam-se no coração mecânico do conflito/ apenas como mais uma pequenina engrenagem da dor, acoplada à máquina maior...
* * *
Alexandre Guarnieri (carioca de 1974) é poeta e historiador da arte. Atualmente pertence ao corpo editorial de mallarmargens e integra, com o artista plástico, músico, ator e poeta, Alexandre Dacosta, o espetáculo mutante [versos alexandrinos]. "Casa das Máquinas" (Editora da Palavra, RJ), de 2011, é seu livro de estreia e está disponível aqui. Seu próximo livro, "Corpo de Festim", será lançado em 2014. Email.