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[as guerras búdicas: nosso templo/ nosso tempo] por alexandre guarnieri - parte 2

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o monge desse tempo pede fast-food online, frequenta versões simuladas de incríveis orgias gregas com transexuais made in thai, remixa ao vivo os mantras que canta, é DJ numa rave no cume do monte Fuji, é hacker e reprograma seu kharma transferindo dharma do banco de dados de algum iluminado recém-cadastrado, depois, ingere substâncias que regeneram seu funcionamento metabólico e volta ao zero, ao centro sereno de sua consciência [ a esta altura não haveria sistema sagrado que não pudesse ser burlado por algum freelancer, cada hábil hacker de kharma, desde que disponível, seria sempre bastante requisitado, por controle bionívoco nas sub-rotinas ( é o que diziam os antigos ) porque é o comando mais indicado para o álibi do servidor-lakshmi ] / o monge desse tempo passa de alucinado a lúcido num único segundo aplicando um minúsculo choque elétrico numa área delicada de seu córtex cerebral - esse raro neuro-aparelho é de fabricação caseira / nosso monze gen, caso algo saia errado, caso haja um curto-circuito, tem guardada uma mente sobressalente na cabeceira, junto aos sutras escritos em páli por Sidharta, espalhados entre os discos de Sinatra / o monge desse templo se suicida com diesel na lua cheia de maio, na última ceia do Vesak, se incendeia em protesto ao aumento abusivo do preço da lâmina descartável da qual depende para raspar a cabeça/ de suas cinzas engenheiros genéticos indo-tibetanos, sino-japoneses ou afro-coreanos o farão nascer de novo, o sucessor de si próprio na escala sagrada dessa única linhagem religiosa, um gênio, um gêmeo artificial transgênico: o monge zen desse templo é tão sério, e ao mesmo tão excêntrico!




/ máquina búdica hum /



/ máquina búdica dois /




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Alexandre Guarnieri (carioca de 1974) é poeta e historiador da arte. Atualmente pertence ao corpo editorial de mallarmargens e integra, com o artista plástico, músico, ator e poeta, Alexandre Dacosta, o espetáculo mutante [versos alexandrinos]. "Casa das Máquinas" (Editora da Palavra, RJ), de 2011, é seu livro de estreia e está disponível aqui. Seu próximo livro, "Corpo de Festim", será lançado em 2014. Email.





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