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Videoteca: "RE-Talhada-Mente, Ex-Tendida" de Rafael Antunes Marcelino

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RE-Talhada-Mente, Ex-Tendida


 
                             Re Talhada Mente, Ex Tendida from Rafael Antunes Marcelino on Vimeo.
             



Tudo começa com “The lover”, filme de 1992, direção de Jean-Jacques Annaud (“O Nome Da Rosa”, “Sete Anos no Tibet’...), adaptação de “L’amant”, romance de Margueritte Duras. Não poucas vezes, falou-se que a escritora francesa tinha fascínio pela prostituição e pela ideia de sexo sem compromisso. Faria textos e imagens paralelos e simultâneos, escrever editando e deitar escrevendo. Da trama do filme-romance, mantive o momento de chegada. Mas a europeia que encontra a Indochina “selvagem” se transmuta na migrante rumando pra grande área urbana. Transformei a garota protagonista, interpretada por Jane March, em uma boca, a boca de uma prostituta existencialista. Alguém sem tempo de se impressionar ingenuamente, consciente e disposta a se lançar numa batalha sinestésica de sobrevivência, sabendo que a arma que tem é o corpo, e sem sofrer por isso. A sociedade da cidade insaciável, ciosa entre o cio e a ânsia é a mesma do Espetáculo, do Situacionismo, que nasce urbanístico e alcança  toda a cultura.“Urbe et  orbi”e  suas turbas, as redes de multidões solitárias do pensamento frankfurtiano. Redes sociais  pra se enforcar na própria corda. Seja aqui e agora, seja nas marchas e quartéis totalitários Hitler-stalinistas. Mas mesmo a “realidade” da cidade, é estilizada, pela perspectiva pessoal, pela dinâmica artificial das aparências, ou por ambas. Voltando pra personagem:  a arma geral e irrestrita do corpo, poderia ser geradora do trabalho braçal clássico, mas este segue “parindo paredes” , invisíveis ou não, sendo causa ou consequência das distâncias. Ela quer todo contato, mesmo o mecanicismo é outro quando se  olham os rostos. Todo contato, do afago ou do golpe. Afiar a navalha. Todo o contato, até o da partida, da terra debaixo dos pés. Espaço aberto, peito aberto. Aberto também pra dentro, o corpo experimenta a mente, Ninguém cafetina o autoconhecimento. A linguagem, que é uma pele para Roland Barthes, aqui se torna a pele que é linguagem, dando as escritas da escolha ao destino.



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