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SÃO MUITOS SENHORES, poema de Roberto Bozzetti sobre óleo de Talarico

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Da série Os invisíveis

SÃO MUITOS SENHORES

 
entre a forja e a entranha
no tempo-espaço monturo
o Senhor dos confins não me guarda
não me estranha
                       sequer
me vê.

talvez não me varra o guarda
– mesmo que me veja –
e o cristo do corcovado
caga pra mim.

aqui não me veem
aqui não me escondo
são todos são muitos senhores
menos que de somenos sou
ainda assim nem o menino jesus de praga
roga por mim

          as carroças de cadáveres muitas vezes passam
e não me recolhem – já me recolheram
outro dia
amanhã de novo me recolherão
e me desovarão

mas não me veem  

em Altamira
em Serra Pelada
no ciberespaço
no lixo do shopping-limbo
olímpico olvido



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