Quantcast
Channel: mallarmargens
Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548

5 POEMAS DE ADIRON MARCOS

$
0
0








Festim


Hoje , véspera
do padroeiro  da cidade .
Chuva  com mais  tentáculos
cada  verão  que passa . Janeiro   Só ,
guaçú  de  tez  descabida
os  lábios   Ontem , 
de   Inúteis .


Pelas campinas  de  Mim
passam   xeréns  de titânio ,
assobiam  furiosos
o  trenzinho  do caipira .
Jaburus  ajuntam  no asfalto adedanhas
dum  sempre   nada - Ninguém ...


Hoje  mais  tenebrice______
Charqueada  atravessa
A caratonha da miséria  nacional :
Ogum-Maré  avisa  crime ,
Mostra as cuecas  do apóstolo –
Os dólares claro – amarfanhados
Junto  do cu .



Epifania


Eu  visto  as pedras  do  mundo
nos  outonos  que  Existo .


A  Virgem  Branca  aparece  nos campos ,
aponta  o rumo  de Emaús ,
destila  o cântico  do  Hóspede .


Meus  carnavais  de Esperanto
acordarão  pianos
de um  mundo  novo  em casulo ,
depois  de o  Tempo  fugir
nas  asas   de grão – demônios
armados com souzafones .



O Cavalo Amarelo

( Ao meu irmão Phelipe Chiarelli )


A tarde
em pleno arcabouço do fim já perto .
Então que no Rebouças rendido
uns pés surfando a vida 
entre as carroças de ferro ,
entre os cavalos microscópicos .

São deles dois/três
erês da Estação Primeira
o sangue indiferente que a pistola dos polícias
espalha no asfalto à jeito mesmo
dum Pollock distraído
enquanto os carros voltam na toda
um xote de mais Sangueira esta burguesa
nem por isso
vermelhança de Menos______

Que no arcabouço da tarde finda a morte Ali
de açambarque ao Rebouças , mas_____
plural
só pelo sangue salpicando
o asfalto .



Madalena


Era um estranho , e no entanto
podia ser o jardineiro daquele horto .
Cheguei-me  e disse :
Tu que para além  do Nada  conheces
todos os mortos , mostra onde o pusestes .
Trouxemos  mirra ,  perfumes .


Ele , que por  entre a cortina  de minhas lágrimas
dissera  "porque choras , mulher?"
agora cala , me Olha . Profundamente .
Quando falou de novo , apenas
disse  meu  Nome .


Desde então  nada  Mais
precisou ser Dito .



Ápice

( À memória de Mário de Sá - Carneiro )


De um sol longínquo um sopro
nos outonos de  Mim____onde uns aléns
inda refletem luz  Sonoramente_______
Algum jardim floresceu
pelos  meus olhos  tão d'água ,
memória
do que foram  Cores vestindo o branco de meus papéis ,
aurora  um dia ...

Erês  retintos  de  Sorte
onde meus sete  esperantos
um sopro , assim  Subitamente ...

" Ah , não sei porque , mas certamente
aquele  raio  cadente
alguma coisa  foi na minha  sorte ... "

Onde era  ideia  de  Norte
último  sopro
a  retardar  o inverno  Derradeiro____

Aurora ,
um  Dia ...





Foto: dançarino e coreógrafo espanhol
Miguel Angel Berna no espetáculo "Goya" (2010).



*    *    *





Adiron Marcos de Barros Costa (1976) nasceu no Méier (Rio de Janeiro). Mora atualmente em Jacarepaguá (Sulacap). Cursou bacharelado em teologia pelo seminário maior da Igreja Presbiteriana do Brasil. Formou-se em música pela Escola Villa-Lobos (Piano, regência, arranjos musicais e fagote). Começou a escrever poesia em 2006. Desde agosto de 2010 participa do cep 20.000. Em 2011 participou de oficina de poesia e performance do poeta Ricardo Chacal, co-criador e diretor do cep. Escreve dois tantos de coisas em blog. Email.


Viewing all articles
Browse latest Browse all 5548